sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Soneto de Carnaval



De Vinicius de Moraes, "Soneto de Carnaval"

 

Distante o meu amor, se me afigura

 O amor como um patético tormento

 Pensar nele é morrer de desventura

 Não pensar é matar meu pensamento.
 

Seu mais doce desejo se amargura

 Todo o instante perdido é um sofrimento

 Cada beijo lembrado é uma tortura

 Um ciúme do próprio ciumento.

 
E vivemos partindo, ela de mim

 E eu dela, enquanto breves vão-se os anos

 Para a grande partida que há no fim

 
De toda a vida e todo o amor humanos:

 Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo

 Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

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