Apesar das manifestações de preocupação que ficaram patentes nos meus textos de ontem e de anteontem, parece que todos os indicadores disponíveis mostram que os portugueses continuam a viver muito acima das suas possibilidades. Apesar da precariedade de emprego ser uma realidade e o poder de compra continuar a baixar significativamente, dá a impressão que as famílias procuram tornear as dificuldades com o pensamento de “se isto está cada vez pior, vamos mas é aproveitar agora que depois logo se vê”.
É nesta lógica que eu entendo que só no primeiro trimestre deste ano a venda de carros novos tenha aumentado 4,5%, os portugueses tenham esgotado as viagens para o Brasil, os restaurantes e hoteis continuem a registar boas taxas de ocupação e o Rock in Rio deste ano tenha tido audiências enormes, apesar dos preços não serem propriamente baratos.
E se é certo que entre 2003 e 2007 o crédito concedido às famílias aumentou 50% também é verdade que, de acordo com a informação do Banco de Portugal, o crédito malparado cresceu 40% e que, segundo a DECO, há 100 mil famílias com a corda na garganta, prestes a deixarem de poder cumprir as obrigações para com os seus credores.
Perante esta contradição de ter, por um lado, portugueses a consumirem mais e, por outro, a recorrerem ao crédito que não sabem se podem pagar, sou levado a concluir que o pensamento dominante será o de gozar hoje porque amanhã pode ser tarde.
E a incoerência é ainda mais gritante quando se registam padrões elevados de consumo e, ao mesmo tempo, um maior número de famílias, muitas de extractos sociais até aqui considerados da classe média-alta, estarem a recorrer a instituições de solidariedade por se encontrarem em situação económica muito difícil.
Quanto àquilo que, em tempos idos, representava para as pessoas um factor de segurança – a poupança – tem tido uma expressiva descida e, a prová-lo, apenas 13% dos portugueses pretendem poupar este ano, menos de metade da média comunitária.
A situação é preocupante e agrava-se cada vez mais. O dinheiro não chega para tudo e as famílias têm que fazer opções. Ainda que sejam as de individar-se continuamente para aproveitar os prazeres da vida. Antes do abismo final.
É nesta lógica que eu entendo que só no primeiro trimestre deste ano a venda de carros novos tenha aumentado 4,5%, os portugueses tenham esgotado as viagens para o Brasil, os restaurantes e hoteis continuem a registar boas taxas de ocupação e o Rock in Rio deste ano tenha tido audiências enormes, apesar dos preços não serem propriamente baratos.
E se é certo que entre 2003 e 2007 o crédito concedido às famílias aumentou 50% também é verdade que, de acordo com a informação do Banco de Portugal, o crédito malparado cresceu 40% e que, segundo a DECO, há 100 mil famílias com a corda na garganta, prestes a deixarem de poder cumprir as obrigações para com os seus credores.
Perante esta contradição de ter, por um lado, portugueses a consumirem mais e, por outro, a recorrerem ao crédito que não sabem se podem pagar, sou levado a concluir que o pensamento dominante será o de gozar hoje porque amanhã pode ser tarde.
E a incoerência é ainda mais gritante quando se registam padrões elevados de consumo e, ao mesmo tempo, um maior número de famílias, muitas de extractos sociais até aqui considerados da classe média-alta, estarem a recorrer a instituições de solidariedade por se encontrarem em situação económica muito difícil.
Quanto àquilo que, em tempos idos, representava para as pessoas um factor de segurança – a poupança – tem tido uma expressiva descida e, a prová-lo, apenas 13% dos portugueses pretendem poupar este ano, menos de metade da média comunitária.
A situação é preocupante e agrava-se cada vez mais. O dinheiro não chega para tudo e as famílias têm que fazer opções. Ainda que sejam as de individar-se continuamente para aproveitar os prazeres da vida. Antes do abismo final.
1 comentário:
Não sei se já falei do meu carro que me custou uma fortuna ...
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