terça-feira, março 17, 2009

A arte do insulto


A crónica que Daniel Oliveira publicou no Expresso do passado sábado referia, a propósito da cena lamentável e indecorosa ocorrida na Assembleia da República entre os deputados José Eduardo Martins (PSD) e Afonso Candal (PS), duas memoráveis histórias que se passaram com Winston Churchill.

Normalmente Churchill é recordado apenas pela sua figura avantajada e pelo inseparável charuto. Mas Churchill foi, acima de tudo, um político hábil que ocupou vários cargos importantes no governo britânico, desempenhou o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial e que, em 1953, recebeu o Prémio Nobel da Literatura pelas suas memórias de guerra e pelo seu trabalho literário e jornalístico.

Mas as histórias que Daniel Oliveira recordava, mostram um Churchill ainda mais surpreendente, um homem de resposta pronta, sofisticada e “venenosa”.

1 – “Quando Bernard Shaw enviou um telegrama jocoso a Churchill - "Tenho o prazer e a honra de convidar o digno primeiro-ministro para primeira apresentação da minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver." Churchill respondeu: "Agradeço ao ilustre escritor o honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer à primeira apresentação. Irei à segunda, se houver."

2 - Disse-lhe Lady Astor, durante uma visita ao Palácio de Blenheim: "Winston, se você fosse meu marido, eu poria veneno no seu café." Ao que ele respondeu, sem nenhum cavalheirismo: "Nancy, se eu fosse seu marido, bebia-o".

Claro que “meter” no mesmo texto pessoas como José Eduardo Martins/Afonso Candal e Churchill é o mesmo que comparar a estrada da Beira com a beira da estrada. Aos primeiros falta-lhes a classe, a sabedoria e a astúcia de Sir Winston Churchill. Falta-lhes também a ironia do lorde inglês que substituem, como podem, pela argumentação rasca do insulto barato e da ameaça de irem resolver a coisa lá para fora aos murros e pontapés.

Por isso ninguém imagina que daqueles tribunos poderia ter saído algum dia uma frase do estilo “Ele tem todas as virtudes que eu não gosto e nenhum dos vícios que eu admiro” uma das mais conhecidas e citadas tiradas de Churchill.

E por que não há duas sem três, não resisto a contar uma outra história passada com o inesquecível estadista britânico:

“Quando Churchill fez 80 anos um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse:
- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos.
Resposta de Churchill:
- Por que não? Você me parece bastante saudável.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só uma pessoa com a tua proverbial delicadeza se lembraria de chamar a esses senhores, que por acaso são deputados, “tribunos”.

Se é verdade que ambos não passam de demagogos (e baratos), quanto ao serem oradores eloquentes e populares (talvez o sejam na base da porrada), aí alto e pára o baile …

Porcos no Espaço disse...

Tomara eu ter 1/3 da fina ironia do Churchill.