segunda-feira, maio 04, 2009

O Oceanário e Sophia



Há muitos anos que não visitava o Oceanário de Lisboa. Nem sei mesmo se o tinha feito depois de ter encerrado a Expo 98. Já lá vão uns anos e escusado será dizer que adorei voltar.

De uma forma geral quando pensamos no Oceanário imediatamente imaginamos os lindíssimos e multicoloridos peixes que povoam as suas águas. Mas no Oceanário há muito mais para ver. Na verdade, temos ali a possibilidade de mergulhar num universo onde podemos encontrar cerca de 16 000 animais e plantas de mais de 450 espécies, inseridos em ecossistemas naturais.

Cardumes, tubarões, peixe-lua, raias elegantes e um sem número de outras espécies, todas elas a deslizarem num gigantesco aquário central e em quatro outros aquários mais pequenos que nos permitem viajar pelos cinco continentes. Ah, e sem esquecer, naturalmente, as lontras e os pinguins que são sempre motivo da nossa atenção especial. Tudo muito belo e cativante.

Porém, desde 2004 o Oceanário de Lisboa, o maior da Europa, tem um outro motivo de interesse. Por todo o recinto, estão expostos alguns belos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, poemas retirados da “Antologia Mar”.

Pena é que a maioria das pessoas não se detenha uns momentos junto aos acrílicos onde se oferecem tão belas composições. Uns porque a pressa os empurra para o cumprimento de programas rigorosos, outros porque as crianças, passados os momentos de excitação iniciais, pressionam os adultos a apressarem o passo em direcção ou em busca de qualquer outro estímulo, outros ainda porque não entendem a nossa língua e outros, por fim, porque aquilo lhes diz nada.

Por isso, aproveito a ocasião para sugerir que, numa próxima visita ao Oceanário de Lisboa, parem uns breves momentos junto a cada um dos poemas de Sophia.

A começar logo à entrada, onde se pode ler:

“Inscrição

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar”


Ou, num dos vários painéis:


“Os navegadores

Eles habitam entre o mar e o vento
Têm as mãos brancas de sal
E os ombros vermelhos de sol
Os espantados peixes se aproximam
Com olhos de gelatina”


Ou, ainda, mesmo à saída:

“Mar, metade da minha alma
É feita de maresia”


1 comentário:

zezita andrade disse...

FIQUEI APAIXONADA PELOS POEMAS QUANDO VISITEI O OCEANARIO E AGORA BUSCO TUDO SOBRE A AUTORA.