quarta-feira, janeiro 14, 2009

“É o máior”


Julgava que os meus amigos não dariam pela coisa mas, afinal, foram muito perspicazes. De facto, não se admite que me tivesse “esquecido” de rabiscar umas linhas em louvor do melhor jogador de futebol do mundo.


E daí a ter tido a minha caixa de correio electrónico e o meu telemóvel completamente empanturrados de mensagens foi um instante. Alguns desses amigos perguntavam-me se não gostava do Cristiano Ronaldo ou se tinha embirrado com ele só pelo facto de ser da mesma terra do Alberto João Jardim. Outros, apontavam-me o dedo por já ter escrito sobre outros nomes que também atingiram os lugares máximos das suas especialidades, caso da Vanessa Fernandes, do Francis Obikuelo e de outros e ficar num silêncio absoluto em relação ao Ronaldo.


Não, não é nada disso. Só que achei que, anteontem, as rádios e as televisões fizeram uma cobertura tão grande durante todo o dia e toda a noite que pensei que aquilo que eu pudesse dizer nada ia acrescentar.


Gosto muito de futebol e claro que admiro as qualidades únicas do Ronaldo, as suas capacidades futebolísticas inquestionáveis, as suas fintas, os seus arranques e os seus remates magníficos. Adoro vê-lo jogar (na nossa Selecção nem tanto). Mas tudo isso e muito mais, foi dito e redito até à exaustão pelos diferentes sectores da comunicação social. Ele é o maior futebolista do mundo de 2008. É justo que ele tivesse ganho o prémio e sinto-me orgulhoso por isso.


Contudo, e se me permitem a sinceridade, achei que a tão legítima homenagem nacional foi um tanto desproporcionada relativamente a outros feitos alcançados por outros portugueses. A verdade é que não vi tamanho entusiasmo quando Luís Figo, em 2001, ganhou este mesmo troféu. Nem vi tanta alegria quando, em 2008, foi atribuída ao arquitecto Siza Vieira a Royal Gold Medal for Architecture, o equivalente ao Prémio Nobel da Arquitectura. Nem descortinei tanto arrebatamento quando, ainda em 2008, a cientista Elvira Fortunato foi distinguida com o primeiro prémio na área da Engenharia do European Research Council , também uma espécie de Prémio Nobel europeu. Nem sequer assisti a tão grande manifestação de orgulho nacional quando o nosso José Saramago, em 1998, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.


Se bem que perceba que, neste mundo global, Ronaldo é não só o fantástico jogador que maravilha quem gosta de futebol mas, igualmente, o veículo privilegiado de publicidade de um país e de marcas e produtos internacionais que se vendem em todo o mundo, não posso deixar de sentir que os nomes que mencionei, e não só, mereciam bem o nosso reconhecimento, que deveria ter sido manifestado com a devida pompa, circunstância e gratidão. Afinal, eles distinguiram-se e subiram ao degrau mais alto dos pódios mundiais. São os (ou dos) melhores do mundo.


“O futebol é assim”, como se diz em “futebolês”. A mediatização de uma jogada ou de golo, repetidamente projectado nas televisões faz, por vezes, esquecer outras questões também relevantes. Afinal, tudo se traduz, em minha opinião, numa questão de perspectiva do momento.


Mas para que se aquietem os meus amigos, sempre lhes digo que sou fã do Cristiano Ronaldo, fiquei muito feliz por ter ganho o prémio e espero, como ele “ameaçou”, vê-lo de novo vencedor no próximo ano.



2 comentários:

Anónimo disse...

Olá amigo,
Concordo com tudo que aqui escreveu, infelizmente outros nomes foram praticamente esquecidos e não tiveram a projecção que o CR7 teve. O futebol é um fenómeno muito estranho, arrasta multidões e altera por completo o comportamento das pessoas, talvez por isso seja uma grande paixão cultizada por todos e obviamente considerado o desporto rei. Independentemente do impacto que tem o futebol, penso que todos aqueles que levam as nossas cores nacionais ao mais elevado patamar, deverão ser divulgados e recordados sempre.
PS: De facto, ronaldo faz-nos sonhar com todas as suas jogadas...viva o CR7.

Anónimo disse...

O simples facto do Alberto João ser o dono da Madeira já é suficiente para muita gente não gostar dos madeirenses. É a verdade. Mas quanto ao Cristiano, penso que ele é um verdadeiro orgulho para os de cá e para os portugueses em geral.