segunda-feira, outubro 27, 2008

Insaciáveis

Ao terminar a crónica de ontem perguntava “Onde estão os responsáveis e o que lhes vai acontecer?”. Pois relativamente ao assunto de hoje, os responsáveis já estão localizados, só não sei o que lhes vai acontecer.

Sem entrar em detalhes que já todos conhecem, o que eu quero aqui sublinhar é a imensa falta de carácter de algumas pessoas que são postas à frente de empresas públicas que, ao invés de gerirem
com competência e sobriedade essas empresas de dinheiros dos contribuintes, acumulam aselhices e aldrabices umas atrás das outras, sem o mínimo de decoro e vergonha.

Foi o que se passou na Gebalis, uma empresa da Câmara de Lisboa, responsável pela gestão de bairros municipais da autarquia e que, em 2006, registou um prejuízo de 4,97 milhões de euros.

Perante tal situação, os seus administradores, se fossem pessoas sérias, deveriam ter centrado a sua atenção na recuperação da empresa. Mas não, pelos vistos, não foi isso que aconteceu. Em vez das medidas drásticas que se impunham, decidiram ajudar a “afundá-la” ainda mais.
Gastaram à tripa forra, sem qualquer pudor e não se coibiram de viajar para o estrangeiro, tendo almoçado em restaurantes do maior requinte gastronómico da Europa, Brasil e Índia, onde nunca faltaram sequer os vinhos de preços elevados, o whisky velho e o marisco.

E para que ninguém pensasse que eram egoístas, Francisco Ribeiro, Clara Costa e Mário Peças, os três “honestos” ex-administradores da Gebalis, retiraram, segundo frisa o despacho de acusação do Ministério Público, dinheiro vivo do Fundo de Caixa da empresa “para pagar refeições para si próprios, para os amigos, para as pessoas do seu círculo particular ou até de outros funcionários”.

Uma verdadeira sem-vergonhice. Em pouco mais de um ano e meio estes senhores, (ir)responsáveis de uma empresa pública em dificuldades, passearam-se e banquetearam-se em diversas capitais europeias, no Brasil, na Índia e em Marrocos e causaram, segundo o Ministério Público, um prejuízo de 200 mil euros.

A finalizar, e como nota de rodapé, os três ex-administradores apesar de terem “comido à conta e à grande” nunca abdicaram de receber os respectivos subsídios de almoço que a Gebalis lhes concedia. Insaciáveis!

1 comentário:

Porcos no Espaço disse...

"Já que isto não tem remédio mesmo, mais vale ir à grande até bater no fundo. Vergonhas para quê?"

São outras filosofias, meu caro.