quarta-feira, maio 19, 2010

E porque não?


Todos sabemos que o monopólio norte-americano das agências de rating está engajado a inconfessáveis interesses, designadamente os especulativos. A Moody’s, a Fitch e a S&P opinam - mal como temos visto tantas vezes - e, conforme têm salientado alguns analistas, a sua acção “não é saudável para o mundo e muito menos para a economia europeia”. Por isso, é com grande preocupação que se assiste à vertigem especulativa que tem vindo a penalizar as economias dos países do sul da Europa, nomeadamente a Grécia, Portugal e Espanha.


No caso do nosso país, sabemos que existem enormíssimos problemas estruturais que já deveriam ter sido resolvidos há décadas (e não foram), que a recuperação da economia não se verifica, que o desemprego não pára de subir e que pesa sobre nós a ameaça (de que não podemos prever as consequências) provocada pelo endividamento que se tornou imparável nos últimos anos.


Mas as notações das agências não têm ajudado. O ataque que tem sido feito à Grécia, a Portugal e à Espanha tem sido forte, comparando números que não são comparáveis e emitindo pareceres que devendo fazer parte da solução, são, também eles, uma parte importante do problema. É um ataque duro aos países mas é também um ataque – penso que já ninguém terá dúvidas sobre isso – ao euro que tem vindo a depreciar-se em relação ao dólar. E, acreditem, nada acontece por acaso.


Daí que a iniciativa da União Europeia em criar uma agência de notação europeia tenha sido muito bem acolhida. É urgente dar uma resposta ao ataque violento da especulação. Contudo, seria bem-vindo um organismo que fosse sólido, credível e transparente e não, como referia há dias o Ministro Teixeira dos Santos, “um boneco que esteja nas mãos dos poderes públicos para ser simpático aos governos”.


Uma agência de rating europeia. Porque não?

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