Apesar de estarmos a viver uma época de profunda crise económica e das grandes dificuldades sentidas pela população em geral, a campanha de recolha de alimentos promovida, há dias, pelo Banco Alimentar Contra a Fome conseguiu estimular milhares e milhares de cidadãos anónimos e de empresas e, o resultado de toda essa solidariedade, traduziu-se em mais de mil toneladas de alimentos, um aumento de quase 19% em relação à campanha de Dezembro do ano passado.
Estamos, pois, todos de parabéns por nos termos associado a uma causa tão nobre.
Mas, claro está, neste tipo de iniciativas, ninguém é obrigado a dar. Quem não acredita na causa, quem não tem possibilidades de ajudar ou, ainda, quem não ajuda porque, ela própria, também necessita de ajuda, não contribui. Pelo que, mais uma vez nesta campanha, deu quem quis ou quem poude.
No entanto, em três pequenas histórias a que eu assisti durante o fim de semana da recolha, vejam como a motivação das pessoas, para dar ou para não dar, pode ser tão diferente.
1ª. História
A manhã estava muito chuvosa e a convidar as pessoas a ficarem em casa. Uma senhora já bastante idosa, com dificuldade em andar e apoiada por duas canadianas, chegou junto dos voluntários e disse-lhes:
“Não precisava de nada do supermercado mas, porque pensei que outros necessitam de ajuda, vim de propósito para contribuir”
E, distribuindo um sorriso doce, dirigiu-se para o interior do super, andando vagarosamente, com evidente sacrifício físico.
2ª História
Numa das grandes superfícies da Grande Lisboa, encontrei um amigo que não via há muito. A conversa começou animada e tentámos pôr em dia tantos assuntos em atraso.
Antes da despedida, disse-lhe, meio a sério meio a brincar, para não se esquecer de entregar o saquinho à saída aos voluntários do Banco Alimentar.
O ar afável que o meu amigo ostentara até aí desapareceu e a postura tornou-se agressiva, provocadora até:
“Para esses gatunos não dou nem um grão de arroz”.
“Mas, porque é que dizes isso?...” perguntei,
“Porque mais de metade do que se dá, é vendido lá fora…”
Ainda tentei argumentar mas ele, decidido, exclamou:
“Não, já disse, são gatunos e por isso não levam nada”
E, voltando-me as costas, desapareceu a caminho das caixas.
3ª História
Um deputado da nação, por sinal um daqueles políticos que até são bem conhecidos do grande público, entrou no supermercado e foi abordado por dois jovens voluntários que tentaram entregar-lhe o saco do BA.
O senhor deputado passou por eles num rompante, não lhes prestou a menor atenção e nem sequer se dignou falar com os dois jovens, mesmo que fosse para lhes dar um não. E seguiu em frente sob o manto da sua “importância”.
Como disse, percebo perfeitamente quem não possa ou não queira contribuir, mas já não consigo admitir a arrogância e a má formação de algumas pessoas.
Como aconteceu com a triste figura que fez o meu amigo ao demonstrar, no mínimo, má informação e lamentável intolerância.
Como aconteceu com a triste figura que fez o meu amigo ao demonstrar, no mínimo, má informação e lamentável intolerância.
Como aconteceu com o senhor deputado, de postura altiva e arrogante, que ignorou aqueles jovens que estavam a colaborar voluntariamente, porque acreditavam que a sociedade pode ser melhor e mais solidária.
Perante histórias como estas, temos que insistir na informação. É absolutamente indispensável que se proceda a uma maior divulgação da obra do Banco Alimentar, de modo a que essa gente quando não tiver interesse em colaborar o faça, unicamente, por esse motivo e nunca por suspeição de que alguém se anda a aproveitar da generosidade de tantos.
A finalizar, um beijinho para aquela senhora idosa e anónima que foi, ela própria, um verdadeiro exemplo de solidariedade.
Perante histórias como estas, temos que insistir na informação. É absolutamente indispensável que se proceda a uma maior divulgação da obra do Banco Alimentar, de modo a que essa gente quando não tiver interesse em colaborar o faça, unicamente, por esse motivo e nunca por suspeição de que alguém se anda a aproveitar da generosidade de tantos.
A finalizar, um beijinho para aquela senhora idosa e anónima que foi, ela própria, um verdadeiro exemplo de solidariedade.
7 comentários:
Finalmente leio o seu blog, a Ana deu-me o endereço hoje. Gostei muito deste post e já tinha tido o prazer de ouvir ao vivo parte das estórias (não serão estórias em ves de histórias?).
Outro pequeno reparo. Na nota introdutória, no final do terceiro parágrafo, última palavra, escreveu "poude". Não tenhop a certeza, mas julgo que se escreve pôde.
Meu caro zeboma
Fiquei muito contente em saber que posso contar consigo como participante neste espaço.
Quanto ao seu reparo sobre a palavra “estória”, parece-me que apesar de se ver muitas vezes escrita por aí, ela não existe em português de Portugal. Salvo melhor opinião, a palavra foi adaptada pelos brasileiros, e daí a chegar a este lado do Atlântico, foi um pulinho.
Quanto ao “poude”, não podia ter acontecido. Foi mesmo BURRISSE do autor do texto que, humildemente, pede desculpa de ter cometido erro tão grave. Esperava-se mais de quem tanto defende a língua portuguesa. Obrigado pela chamada de atenção.
Estou a ver que o autor é um comediante: " Foi mesmo BURRISSE do autor do texto (...) Esperava-se mais de quem tanto defende a língua portuguesa".
Caro senhor, é burrice e não burrisse. Escreveu mal para sublinhar o significado da palavra?
Vejo com agrado que os meus companheiros de blog para além de atentos, têm apurado sentido de humor. Ainda bem. Na verdade, a palavra BURRISSE, tal como a escrevi, não poderia ter outro significado senão o de querer justificar a desatenção anteriormente cometida, com um toque de ironia, é certo, embora lamentando o facto.
Mas tem toda a razão, MR, a palavra deve escrever-se tal como diz - burrice. E quem não o fizer dessa maneira, é fatalmente, Burro.
Oh demascarenhas, caíram-te em cima por causa daquela gralha, mas tu conseguiste sair muito bem da situação. Bem e com elegância. Até nem fizeste qualquer reparo àquele amigo (zeboma) que levantou o problema e que escreveu “em ves de…” e não “em vez de…”. E de certeza que tu viste isso. Boa!
Já tive oportunidade de num e-mail que enviei directamente ao autor do blog me "emendar" pela "ves" em vez da devida "vez". É que no Inverno uso luvas e a sensibilidade na ponta dos dedos diminui. Além de que a tecla "z" está perto da "s". É um cuidado que tenho quando estou em "revisor mode", reparar se a gralha não será porque a pessoa teclou numa tecla em redor da pretendida.
Foi o primeiro comment que deixei o tal da "ves" e como tal (erro de "rookie", como diria Carlos Barroca) não o li antes de o publicar. O que não acontecerá mais, pelo que daqui para a frente me podem (e devem) crucificar por qualquer gralha!... Muitas saudações a todos os meus colegas defensores da Língua Portuguesa.
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