segunda-feira, outubro 28, 2013

Polícia Judiciária sem dinheiro para balas?



Já todos percebemos que os "cortes" propostos no Orçamento de Estado para 2014 são feitos um bocado a eito, às cegas e sem a devida ponderação sobre a poupança/benefício/risco que comportam.

Vejamos o caso da Polícia Judiciária. Quando necessitamos da sua intervenção será que alguém pensa que a sua acção irá ser altamente prejudicada se não tiver dinheiro para químicos de laboratório, para os combustíveis dos automóveis ou para uma coisa tão fundamental numa polícia como ter balas? Não, pois não?

Pois a proposta de OE para o próximo ano prevê um corte de 100% - cem por cento - na verba para comprar munições (cada inspector da PJ faz uma média de 300 tiros por ano, entre os treinos e as operações no terreno), um corte de 67% nos produtos químicos e farmacêuticos para os laboratórios e só atribui 426 mil euros (o Conselho de Ministros vai receber 764 mil euros) para combustíveis (menos 76%), o que vai impossibilitar a PJ de fazer investigações por todo o país.

Ou seja, os cortes podem pôr em causa todo o funcionamento da Judiciária. O que poderá significar que vai haver um aumento significativo da criminalidade.

O director nacional adjunto da Polícia Judiciária já afirmou, entretanto, que o Ministério da Justiça garantiu que vai promover a alteração e reforço da fatia do Orçamento do Estado para 2014 destinada ao funcionamento da PJ. Vamos esperar.

Mas estes cortes, a meu ver, completamente incompreensíveis, nomeadamente quanto a não haver dinheiro para as balas, fizeram-me recordar aquela história da guerra do Raul Solnado em que houve alguém que, para poupar dinheiro nas balas, sugeriu que se atasse um fio a cada bala. Disparava-se a arma e depois era só puxar o fio e a bala estava pronta a ser disparada de novo.
Graças à parte, a verdade é que estamos perante uma situação deveras preocupante. E, das duas uma, ou teremos razões para estarmos inquietos com a inoperância da nossa Polícia Judiciária por falta de meios ou, simplesmente (e como o director nacional adjunto da Polícia Judiciária deu a entender), o orçamento não é para cumprir. O que já estamos habituados ...

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