quinta-feira, janeiro 10, 2008

Falta de comunicação?


Quando li a notícia custou-me a acreditar, pior, fiquei extremamente chocado. E penso que não era para menos ao saber que o Secretário de Estado e da Segurança Social, Pedro Marques, anunciou à nação que os novos aumentos das pensões de reforma, a vigorar desde Dezembro passado (portanto, os aumentos do próprio mês de Dezembro e do Subsídio da Natal), só seriam pagos em 2008 mas não, como seria natural e lógico, logo em Janeiro deste ano e de uma só vez.

Não, o brilhante membro do governo revelou que esses retroactivos seriam pagos sim mas de uma forma faseada e num período de 14 meses.

Claro que de imediato se levantaram as vozes de todos os quadrantes políticos da oposição, dos sindicatos, de toda a gente que tem um mínimo de bom senso e, particularmente, das vozes dos próprios reformados e pensionistas que mais sentiram na pele uma tão grande injustiça.

De tão estupefacto que fiquei, confesso que cheguei a pensar se o governo, face aos aumentos tão substanciais que concedeu e que rondam em muitíssimos casos os 50 cêntimos por dia, teria porventura imaginado que alguns desses pensionistas pudessem entretanto falecer durante os 14 meses, poupando desta forma algum dinheiro ao Estado.

Mas, na verdade, só uma mente distorcida como a minha poderia ter alguma vez imaginado tamanho cenário macabro e acreditado que o governo teria perdido a vergonha por completo. Portanto, achei que teria que haver uma outra explicação.

E havia realmente. Um dia depois do polémico anúncio, o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, anunciou na Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, na Assembleia da República, que o aumento extraordinário das pensões será pago de uma vez só, no próximo processamento de Janeiro, contrariando assim a posição assumida terça-feira pelo seu secretário de Estado.

Face a tamanha discrepância, calculo que muito maior do que qualquer divergência dos governantes quanto à interpretação da lei, não posso deixar de questionar:

- Terá havido falta de comunicação entre o Ministro e o seu Secretário de Estado? ou

- O Governo deu o dito pelo não dito e, como tem acontecido em algumas situações ultimamente, recuou na intenção inicial? Ou, ainda,

- É desta que o ilustre secretário de Estado vai ser, finalmente, substituído?

Responda quem souber.

1 comentário:

Anónimo disse...

O anúncio do rapaz que foi parar (sabe-se lá porquê) a secretário de Estado também me deixou revoltado. Agora, se o Governo recuou, ainda bem que o fez. Nunca é tarde para se revogar uma má ideia ou uma má decisão. Antes isso que persistir teimosamente numa resolução abstrusa.