terça-feira, abril 28, 2015

Um novo "exame prévio"?



Parecia que o inexplicável acordo entre o PSD/CDS e o PS (eles que há muito não se conseguem entender) sobre um diploma que pretendia estabelecer regras sobre a cobertura jornalística das eleições estava morto e enterrado. A reacção, melhor, a revolta violenta da generalidade dos jornalistas, dos comentadores e dos cidadãos mais atentos foi tal que os "iluminados pensadores" que deram à luz tamanha monstruosidade - que nos fazia recordar o famigerado "exame prévio"da Censura do regime anterior - desapareceu quase de imediato. Aliás, eles foram tão rápidos a imaginar a "grossa asneira" como a lavar as mãos e a empurrar a responsabilidade dessa asneira para os parceiros do lado.

Mas o tal documento previa, nomeadamente, que "os media que façam cobertura do período eleitoral entreguem, "antes do início do período de pré-campanha, o seu plano de cobertura dos procedimentos eleitorais, identificando, nomeadamente, o modelo de cobertura das ações de campanha das diversas candidaturas que se apresentem a sufrágio", a uma comissão mista, a qual é composta por representantes da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da ERC. O plano de cobertura a ser enviado à comissão, a qual irá validar o mesmo, inclui ainda a realização de entrevistas e de debates, reportagens alargadas, emissões especiais ou de outros formatos informativos, com o objectivo de assegurar os "princípios orientadores da cobertura jornalística em período eleitoral".


Como referi, o documento parecia estar morto e enterrado. Mas se calhar não está. Ainda no último sábado na SIC-Notícias, António Barreto (homem inteligente e sensato, que eu muito admiro) dizia sobre o assunto: "... quem fez isto sabia o que estava a fazer ... aquilo é uma coisa séria, aquilo está calibrado, pensado e deliberado. Há quem queira em Portugal, nos partidos democráticos, há quem queira ordenar a informação, ordenar a informação política, ordenar o movimento e a criação dos órgãos de imprensa e é detestável que assim seja. Não estavam à espera que os chefes dos partidos tivessem uma reacção tão forte ... mas eles voltarão à carga. Assunto encerrado? Não, tal como a toupeira, voltarão daqui a seis meses ou um ano ...".

Concordo com António Barreto. E, por via das dúvidas, convém que estejamos atentos ...

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