Ao contrário do que prometeu, que era criar uns milhares de postos de trabalho, o senhor engenheiro Sócrates enveredou pelo ataque cerrado, sistemático e injustificado aos pobres trabalhadores, levando muitos deles ao desemprego.
Foi exactamente o que aconteceu a um humilde empregado da Refer (empresa pública criada para gerir a infra-estrutura da rede ferroviária nacional), por acaso seu presidente, o Dr. Luís Braamcamp Sobral.
Braamcamp Sobral, até há pouco tempo para além de presidente da Refer, e porque o seu vencimento não dava para grandes coisas era, ainda e em acumulação, presidente da Rave, responsável pela futura rede de alta velocidade (apesar do projecto do TGV não estar, ainda, definido). Ou seja, era um bi-Presidente que tinha direito a dois ordenados.
E era um Presidente à séria, ao que sabemos. Muito embora no ano passado a Refer tivesse apresentado prejuízos da ordem dos 150 milhões de euros, e a Rave tivesse tido, também, resultados negativos, o que importa aqui salientar é que o Senhor Presidente, apesar desses maus resultados, conseguiu pagar prémios de "produtividade" a 540 dos mais de 5 mil trabalhadores, no valor de 600 mil euros. E, para os colaboradores próximos, o prémio de "produtividade" foi para cada um superior a 5 mil euros.
Sempre defendi que a boa gestão deve ser recompensada. E, neste caso, parece evidente que houve uma excelente gestão, pois mesmo tendo em conta que estas empresas tiveram défices tão significativos, mesmo assim, o homem, perdão o Senhor Presidente, ainda arranjou umas massas para premiar “os que conseguiram ser mais produtivos”.
Mas Braamcamp Sobral fez muito mais. Sob a sua gestão, admitiu, na Refer e na Rave, mais de 200 pessoas, muitas das quais amigos e colaboradores do ex-ministro da tutela, António Mexia, e de Carmona Rodrigues. Esta medida, a de criar mais de duzentos novos postos de trabalho, deveria ser citada por si, Sr. Engenheiro, como um bom exemplo de criatividade empresarial.
Perante isto, Senhor Engº. Sócrates, vai mandar o ex-bi-presidente para o desemprego? Assim, do pé para a mão?
Entretanto, alguém me confidenciou que Braamcamp Sobral, sendo um homem previdente, arranjou maneira de não ir para o desemprego. Com um grupo de personalidades (de que faz parte) que ocupa lugares nos conselhos de gestão de várias empresas públicas (Refer, CP, Metro...) fez contratações cruzadas (numa fantástica troca de cadeiras...), pelo que agora estão em condições de ocupar as prateleiras de luxo que inventaram para si próprios.
Desta forma, o presidente da Refer e da Rave, o Dr. Braamcamp Sobral, foi contratado pela CP, como assessor da administração, tendo acordado um ordenado de 4.700 euros, a que acrescem 995 euros para despesas de representação. Nada mal!
Bem, agora falando a sério. Resta-me dizer que toda esta aldrabice poderá não ficar assim. FELIZMENTE.
É que a Inspecção-Geral de Finanças, que já detectara a situação durante a vigência do anterior governo, propôs a exoneração dos membros dos conselhos de gestão das empresas públicas que se envolveram nestas manobras.
Até o magistrado do Ministério Público, que exerce as funções de auditor jurídico do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, não teve dúvidas em considerar, há dias, que "foram seriamente atingidas a credibilidade, o prestígio, a boa imagem e a fé pública da administração e das instituições públicas", pelo que, em sua opinião, se verifica "a existência de fundamento válido para a hipótese de exoneração das pessoas em apreço sem direito à percepção de qualquer indemnização".
Vamos ver o que isto dá …
Sem comentários:
Enviar um comentário