Há dias, ao sair de casa, dei de caras com um casalinho de miúdos que caminhava pelo passeio, de mãos dadas. Eram giríssimos os dois, teriam à volta de sete, oito anos, mas percebia-se pela sua desenvoltura que eram desenrascados (perdoem-me o plebeísmo). E, muito senhores do seu papel, iam conversando animadamente.
Alguém que os conhecia bem, acercou-se deles e perguntou-lhes onde iam passear. Os miúdos responderam a isso e a uma série de outras perguntas, daquelas que os adultos costumam fazer às crianças há séculos. Confirmaram que eram namorados e, a simpatia deles era tão grande, que levou a que esse alguém lhes fizesse aquela pergunta sacramental que é comum ouvir-se:
“Então e quando crescerem o que é que querem ser?
“Magistrado”, respondeu o rapazinho. “E porquê?”, questionou o mesmo alguém.
O rapaz que, pelos vistos, ouvia tudo o que se passava lá em casa e provavelmente tinha ouvido a indignação dos pais sobre aquela notícia que saíra nos jornais, respondeu num fôlego:
“Ora, porque os magistrados recebem um subsídio de renda de casa de 700 euros por mês, mesmo que residam em casa própria e na sua terra. O mesmo dinheiro que recebem quando estão colocados a centenas de quilómetros. E quando um dia eu estiver reformado, eles (o miúdo sabia que eles era o governo) incluem esse subsídio na reforma. E, ainda por cima, esse subsídio não conta para o IRS”.
“Mas, como é que tu sabes essas coisas?”, perguntou o alguém, deveras admirado.
“Ouvi, pronto”, volveu o rapaz, acrescentando: “E ouvi também que se eu trabalhar no Supremo Tribunal Administrativo ou no Tribunal Constitucional e morar fora da área da Grande Lisboa, além dos 700 euros, eles ainda me pagam ajudas de custo por cada dia de sessão nos respectivos tribunais. E mais, para ir trabalhar ainda vou ter viagens totalmente gratuitas em todos os transportes públicos terrestres e fluviais, incluindo os comboios Alfa”.
O alguém estava completamente aparvalhado. Isto é, estava ele e estava eu que também tinha ouvido a conversa. No meu caso, porém, não percebia bem se a minha estupefacção era devido às benesses atribuídas (incompreensivelmente) aos magistrados, se à esperteza daquele miúdo que desfiava tão bem toda aquela prosa, cujo significado ele (neste caso o miúdo), por certo, não devia compreender totalmente.
“E tu, querida, o que é queres ser quando fores grande?”, perguntou o alguém.
Ela, agarrou a mão do companheiro com mais força, sorriu para o alguém e respondeu:
“Como eu gosto muito dele, quero casar com ele e quero ser, também, magistrada”
“E magistrada porquê? voltou a perguntar o alguém.
“Porque, assim, eles também me dão 700,00 euros para a renda de casa e podemos, os dois, sacar 1400,00 euros, percebes?”
Não me recordo de mais nada. Quando acordei estava deitado numa marquesa e, segundo me disseram, estava branco como a cal das paredes …
Alguém que os conhecia bem, acercou-se deles e perguntou-lhes onde iam passear. Os miúdos responderam a isso e a uma série de outras perguntas, daquelas que os adultos costumam fazer às crianças há séculos. Confirmaram que eram namorados e, a simpatia deles era tão grande, que levou a que esse alguém lhes fizesse aquela pergunta sacramental que é comum ouvir-se:
“Então e quando crescerem o que é que querem ser?
“Magistrado”, respondeu o rapazinho. “E porquê?”, questionou o mesmo alguém.
O rapaz que, pelos vistos, ouvia tudo o que se passava lá em casa e provavelmente tinha ouvido a indignação dos pais sobre aquela notícia que saíra nos jornais, respondeu num fôlego:
“Ora, porque os magistrados recebem um subsídio de renda de casa de 700 euros por mês, mesmo que residam em casa própria e na sua terra. O mesmo dinheiro que recebem quando estão colocados a centenas de quilómetros. E quando um dia eu estiver reformado, eles (o miúdo sabia que eles era o governo) incluem esse subsídio na reforma. E, ainda por cima, esse subsídio não conta para o IRS”.
“Mas, como é que tu sabes essas coisas?”, perguntou o alguém, deveras admirado.
“Ouvi, pronto”, volveu o rapaz, acrescentando: “E ouvi também que se eu trabalhar no Supremo Tribunal Administrativo ou no Tribunal Constitucional e morar fora da área da Grande Lisboa, além dos 700 euros, eles ainda me pagam ajudas de custo por cada dia de sessão nos respectivos tribunais. E mais, para ir trabalhar ainda vou ter viagens totalmente gratuitas em todos os transportes públicos terrestres e fluviais, incluindo os comboios Alfa”.
O alguém estava completamente aparvalhado. Isto é, estava ele e estava eu que também tinha ouvido a conversa. No meu caso, porém, não percebia bem se a minha estupefacção era devido às benesses atribuídas (incompreensivelmente) aos magistrados, se à esperteza daquele miúdo que desfiava tão bem toda aquela prosa, cujo significado ele (neste caso o miúdo), por certo, não devia compreender totalmente.
“E tu, querida, o que é queres ser quando fores grande?”, perguntou o alguém.
Ela, agarrou a mão do companheiro com mais força, sorriu para o alguém e respondeu:
“Como eu gosto muito dele, quero casar com ele e quero ser, também, magistrada”
“E magistrada porquê? voltou a perguntar o alguém.
“Porque, assim, eles também me dão 700,00 euros para a renda de casa e podemos, os dois, sacar 1400,00 euros, percebes?”
Não me recordo de mais nada. Quando acordei estava deitado numa marquesa e, segundo me disseram, estava branco como a cal das paredes …
5 comentários:
os rapazes não valem nada menos uns que são muscolosos e lindos de morrer como o meu vizinho estou há espera queme convide para sair
e como é que se chama esse vizinho?
os rapazes valem muito porque sou uma rapariga e tambem porque gosto de um rapaz bem giro a pois
mas como se chama ele anonimo?
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