Desde os meus tempos de menino que não via, ao vivo, uma etapa da Volta a Portugal em bicicleta. Este ano, tive a oportunidade de assistir ao prólogo da 70º. Volta, um contra-relógio individual de sete quilómetros.
O espectáculo em si, quero dizer, o estar a olhar para uns mancebos que sentados em cima das bicicletas se esfalfam que nem uns danados para obter um melhor tempo que os demais, não é particularmente excitante mas, tenho que admitir, que o colorido dos equipamentos, das bandeiras e dos carros de apoio acabam por transmitir uma certa alegria a quem, mesmo debaixo de um sol quentíssimo, assiste ao esforço tremendo daqueles herois do asfalto.
Mas, para além das cores, há todo aquele movimento e barulho que incomoda toda a gente e que, presumo, deixará à beira de um ataque de nervos quem tanto se esforça para manter e aumentar o ritmo da pedalada.
Primeiro vem o motociclista da brigada de trânsito a abrir caminho, com luzes e sirenes que não páram de tocar. Depois vem o pobre do ciclista e, logo colado a ele, segue um carro de apoio que entre buzinadelas constantes, debita através da instalação sonora do próprio carro, gritos de incitamento ao corredor
“venga, venga, venga, venga, António ... “, no caso das equipas espanholas ou
“bora, bora, bora, bora, campeão, mexe essas pernas, bora, bora, bora ...”, na versão portuguesa,
ou outras frases de pretenso estímulo, tudo muito gritado, chegando alguns, para além de todo este ruído, a “socar” furiosamente as portas dos carros, na tentativa de empolgar os pobres moços, muitos deles demasiado enfezados para tamanho esforço.
Um verdadeiro inferno para quem assiste mas, sobretudo, para os corajosos corredores que se vêm totalmente esmagados entre o batedor e o carro de apoio, ambos apostados a furar os tímpanos dos coitados com tantos gritos e barulhos de sirenes e de buzinas.
Paralelamente existe um outro espectáculo a que poucos conseguem resistir. O de enormes autocarros das empresas patrocinadoras da Volta que distribuem a multidões sôfregas, enlouquecidas e desesperadas, todo o seu “merchandisind” de camisetas, bonés e abanicos para o calor, tudo com o logótipo e o nome da empresa, para que o pobre “portuga”, que tanto aprecia o que é de borla, ande feliz da vida a fazer publicidade a troco de coisa nenhuma. Ainda por cima satisfeitos, não por se tornarem verdadeiros veículos publicitários, mas por que conseguiram obter – depois de inúmeros encontrões e pisadelas – uma ou duas T-Shirts e bonés.
Ainda existe um outro espectáculo que, a mim em particular, me dá um gozo dos diabos, e que é o de ouvir uma série de peritos destas coisas das bicicletas, que tudo conhecem sobre a modalidade e sobre os corredores. Não resistem mesmo a opinar sobre se eles estão, ou não, a dosear convenientemente o esforço ou sobre se deviam, ou não, já ter metido uma nova mudança que desse mais força ao andamento.
Verdadeiros “experts”, digo-vos eu, que não se cansam de comentar todos os aspectos relativos à Volta, o traçado do circuito, as potencialidades dos corredores, a actuação dos batedores das polícias e mais umas dúzias de considerações pitorescas e sem interesse, tudo proferido com o ar mais sério de profundos conhecedores da matéria. Onde nem sequer faltam aqueles “tugas”, normalmente emigrantes em “vacances” que, quando os corredores passam junto a eles, batucam loucamente nas vedações de segurança ao mesmo tempo que gritam “Vite, vite, vite, allez, allez ...” e se viram imediatamente para trás para concluir “A ver se os gajos mexem aquele cu!”
Espectáculos únicos a não perder.
O espectáculo em si, quero dizer, o estar a olhar para uns mancebos que sentados em cima das bicicletas se esfalfam que nem uns danados para obter um melhor tempo que os demais, não é particularmente excitante mas, tenho que admitir, que o colorido dos equipamentos, das bandeiras e dos carros de apoio acabam por transmitir uma certa alegria a quem, mesmo debaixo de um sol quentíssimo, assiste ao esforço tremendo daqueles herois do asfalto.
Mas, para além das cores, há todo aquele movimento e barulho que incomoda toda a gente e que, presumo, deixará à beira de um ataque de nervos quem tanto se esforça para manter e aumentar o ritmo da pedalada.
Primeiro vem o motociclista da brigada de trânsito a abrir caminho, com luzes e sirenes que não páram de tocar. Depois vem o pobre do ciclista e, logo colado a ele, segue um carro de apoio que entre buzinadelas constantes, debita através da instalação sonora do próprio carro, gritos de incitamento ao corredor
“venga, venga, venga, venga, António ... “, no caso das equipas espanholas ou
“bora, bora, bora, bora, campeão, mexe essas pernas, bora, bora, bora ...”, na versão portuguesa,
ou outras frases de pretenso estímulo, tudo muito gritado, chegando alguns, para além de todo este ruído, a “socar” furiosamente as portas dos carros, na tentativa de empolgar os pobres moços, muitos deles demasiado enfezados para tamanho esforço.
Um verdadeiro inferno para quem assiste mas, sobretudo, para os corajosos corredores que se vêm totalmente esmagados entre o batedor e o carro de apoio, ambos apostados a furar os tímpanos dos coitados com tantos gritos e barulhos de sirenes e de buzinas.
Paralelamente existe um outro espectáculo a que poucos conseguem resistir. O de enormes autocarros das empresas patrocinadoras da Volta que distribuem a multidões sôfregas, enlouquecidas e desesperadas, todo o seu “merchandisind” de camisetas, bonés e abanicos para o calor, tudo com o logótipo e o nome da empresa, para que o pobre “portuga”, que tanto aprecia o que é de borla, ande feliz da vida a fazer publicidade a troco de coisa nenhuma. Ainda por cima satisfeitos, não por se tornarem verdadeiros veículos publicitários, mas por que conseguiram obter – depois de inúmeros encontrões e pisadelas – uma ou duas T-Shirts e bonés.
Ainda existe um outro espectáculo que, a mim em particular, me dá um gozo dos diabos, e que é o de ouvir uma série de peritos destas coisas das bicicletas, que tudo conhecem sobre a modalidade e sobre os corredores. Não resistem mesmo a opinar sobre se eles estão, ou não, a dosear convenientemente o esforço ou sobre se deviam, ou não, já ter metido uma nova mudança que desse mais força ao andamento.
Verdadeiros “experts”, digo-vos eu, que não se cansam de comentar todos os aspectos relativos à Volta, o traçado do circuito, as potencialidades dos corredores, a actuação dos batedores das polícias e mais umas dúzias de considerações pitorescas e sem interesse, tudo proferido com o ar mais sério de profundos conhecedores da matéria. Onde nem sequer faltam aqueles “tugas”, normalmente emigrantes em “vacances” que, quando os corredores passam junto a eles, batucam loucamente nas vedações de segurança ao mesmo tempo que gritam “Vite, vite, vite, allez, allez ...” e se viram imediatamente para trás para concluir “A ver se os gajos mexem aquele cu!”
Espectáculos únicos a não perder.
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