quarta-feira, março 17, 2010

Citações


Desconfio sempre dos eternos bem-falantes que empregam muitos termos estrangeiros ou dos que se socorrem de inúmeras citações de personagens mais ou menos ilustres. Desconfio, sobretudo, destes últimos. Sinto um arrepio na pele e tenho a sensação de que estou a ser levado.


Como saber se muitas daquelas citações estão correctas, se foram proferidas pelas pessoas invocadas ou se, estas, são credíveis ou até existem ou existiram.


Por isso não pude deixar de sorrir quando ontem li uma notícia que dizia que o meio intelectual francês ficou estupefacto porque um dos mais conhecidos filósofos da actualidade, Bernard-Henry Lévy acaba de publicar um livro onde cita outro pensador francês, Jean-Baptiste Botul. Qual o mal disso, perguntarão? Nenhum, se o tal Botul algum dia tivesse vivido. Mas não, esse “famoso pensador” nunca existiu.


Na falta de certezas absolutas, quando se pretende fazer citações, é capaz de ser mais seguro não atribuí-las a alguém em concreto. Ou seja, o melhor será não mencionar quem, hipoteticamente, as terá dito. Limitem-se a dizer a expressão que vos vier à cabeça e depois rematem com um sempre convincente “Como diz o outro …”.


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