sexta-feira, março 26, 2010

Então, estás a viver dos rendimentos?


Esta semana encontrei um antigo companheiro de trabalho que, como eu, está reformado. Não nos víamos há tempos e, como é natural nestes casos, perguntámos pelo estado de saúde do outro, pela família, o que fazíamos agora, blá-blá-blá, blá-blá-blá. As coisas banais que nestas circunstâncias, e na maioria das vezes, é comum querer saber-se, mais por falta de assunto do que por verdadeiro interesse.


Até que ele, finório, perguntou “Ah, então estás a viver dos rendimentos?”.


Não lhe dei resposta, claro, mas a pergunta (que está completamente fora de moda) fez-me viajar até há muitos anos atrás quando era costume ouvi-la, justificada então pelo facto de haver muita gente que vivia (sobrevivia na maior parte dos casos) à conta dos juros que as suas parcas economias rendiam no banco.


Outros tempos em que as pessoas suavam as estopinhas para fazer um pé-de-meia que os descansasse de algum azar que viessem a ter e em que as taxas de juro eram minimamente apetecíveis para criar a ilusão de que o dinheiro conseguia multiplicar-se.


Hoje, as coisas são diferentes e nenhuma das premissas atrás referidas se verifica. Pelo que, a pergunta deixou de ter razão de ser. Já ninguém consegue viver dos rendimentos. Perdão, a esmagadora maioria das pessoas não consegue. Provavelmente nem os gestores públicos que viram ontem o Conselho de Ministros decidir o congelamento por dois anos dos seus “ricos” bónus, vulgo prémios de desempenho. E agora, como vai ser?

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