terça-feira, maio 20, 2008

Investida da ASAE nas IPSS

Para quem não está muito familiarizado com estas coisas é bom esclarecer que uma IPSS é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. E, já agora, que estas instituições não têm fins lucrativos e são o amparo de muita gente com dificuldades. Dão apoio aos pobres, aos doentes e aos excluídos.

Assim sendo, e tendo em conta a acção altamente meritória que desenvolvem junto das comunidades mais carenciadas e com meios que a maioria das vezes mal dá para sobreviverem, ficamos na expectativa de saber como é que estas instituições vão dar a volta à situação para poderem corresponder às exigências agora suscitadas pela ASAE.

Mas o que pretende, então, a ASAE, perguntarão? Simplesmente que todas as IPSS estejam equipadas com cozinhas que tenham os mesmos requisitos de qualquer restaurante, que não aceitem alimentos dados pelas populações e que deitem fora toda a comida congelada em arcas normais.

E como é que vão conseguir isso? Aí está uma pergunta a que eu não sei responder. Nem eu nem, certamente, a maioria das Direcções das IPSS que já hoje lutam com grandes dificuldades e que, agora, têm pela frente um obstáculo muito difícil de ultrapassar.

É verdade que o Estado dá algum apoio às instituições, mas as grandes ajudas vêm da chamada sociedade civil, das empresas, dos particulares, dos Bancos Alimentares e de uns quantos sócios e beneméritos. Mas tudo isto, na generalidade dos casos, não é muitas vezes suficiente para as despesas do dia-a-dia.

Então, com tamanhas dificuldades, como é que as instituições vão ser capazes de dar andamento às transformações que a ASAE agora impõe? Ou como vão poder prescindir de continuar a alimentar os seus utentes com yogurtes, congelados e outros produtos que têm datas de validade, só porque estas estão prestes a chegar ao fim?

Por força da força da ASAE a situação está a tornar-se insustentável. Compreende-se que aquela autoridade queira aplicar com rigor os regulamentos, nacionais ou estabelecidos pela UE, em nome da higiene e segurança alimentar, mas tem que haver algum bom-senso e alguma razoabilidade na sua actuação.

A prosseguirem com tamanha intransigência, acreditamos que, a breve prazo, haverá muitos milhares de pessoas que deixarão de ser apoiadas (deixarão de comer) pelas IPSS e muitos dos que ali trabalham perderão os seus empregos.

Alguém tem que pôr mão nisto.

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