sexta-feira, janeiro 18, 2013

O funcionário invisível

 
Décadas passadas, continua a falar-se na reorganização do Estado. Sucessivos Governos de várias tendências, sucessivos grupos de trabalho, sucessivos debates de opinadores conceituados da nossa praça e nada. O Estado continua a ser o que sempre foi. Pesado e ineficiente. Pouco se tem alterado (apenas medidas avulsas para ocorrer a situações ocasionais). Alguns ainda tinham esperança neste Governo do PSD/CDS mas, de reorganização, apenas temos sentidos mais cortes nas prestações do Estado e um aumento inqualificável dos impostos.
 
Ainda não há muito, nem sequer se sabia qual o património imobiliário do Estado. Por isso achei perfeitamente plausível uma história que li na imprensa e que mostra bem a desorganização e a burocracia que continua a haver.
 
Partilho, então, a tal história:
 
"Durante 20 anos, as teias da burocracia permitiram que um funcionário do Ministério da Agricultura tenha recebido um salário mensal sem nunca ter estado no seu local de trabalho. A entidade patronal nunca o incomodou e ele, o "funcionário desconhecido", também nunca se incomodou. Certo é que o salário lá estava todos os meses.
Mas como foi isto possível? É que num universo que ultrapassa os 12 milhões de funcionários e com o peso da burocracia, foi possível que esta situação durasse por duas décadas. O dito funcionário que trabalhava no Instituto Nacional de Investigação Agrária, em Coruche (localidade onde também residia) um dia recebeu ordem de transferência para a coudelaria de Alter do Chão.
O tempo passou e 20 anos depois, em resultado de auditoria, concluiu-se que o "homem invisível" nunca tinha ocupado o seu novo posto de trabalho. Quando interrogado sobre o assunto, respondeu: "o carro que ficou de me vir buscar nunca apareceu". Daí que ...

Apetece-me perguntar:
- Como é possível que uma história como esta tenha conseguido sobreviver durante tanto tempo?
- Será que em duas décadas só houve uma auditoria ou, tendo havido várias, porque é que nunca conseguiram detectar o caso?
 



1 comentário:

demascarenhas disse...


Provavelmente devido ao adiantado da hora em que o post foi publicado, meti os pés pelas mãos e escrevi 12 milhões de funcionários quando, na verdade, o correcto é 12 mil funcionários. Assim é que está certo.
As minhas desculpas.