segunda-feira, janeiro 28, 2013

Os festejos do regresso aos mercados

 
Não pude deixar de comparar os festejos governamentais sobre o sucesso da emissão de dívida pública da última semana com as recentes vitórias do Sporting. Com o novo treinador, o clube de Alvalade conseguiu três vitórias consecutivas em outros tantos jogos. E depois? Para além de recuperarem o orgulho ferido, o que é que o clube ganhou? Nada, não se salvaram de uma má época, tão-pouco de uma situação financeira difícil.
 
Com o regresso aos mercados - em que Portugal aparentemente voltou à lista dos investidores internacionais e em que conseguimos uma taxa de juro simpática (4,891%), ainda assim acima da taxa praticada pelos empréstimos da troika - qual foi o ganho real do nosso país? É certo que embolsámos mais uns milhões mas, na verdade, nada mudou.
Do ponto de vista financeiro, poderemos até ter melhorado alguma coisa mas vão continuar as falências, vão continuar a aumentar os desempregados, vão continuar a diminuir as receitas fiscais, vai continuar a subir a recessão, vai continuar a desaparecer a economia e vão continuar também os sacrifícios para os cidadãos. O que é que, então, o regresso aos mercados nos trouxe, qual foi a boa notícia? É que, futuramente, poderemos continuar a endividar-nos, mesmo sem a ajuda da troika. E, recorde-se, a dívida pública portuguesa já ultrapassou os 120% do PIB.

Depois do foguetório com o regresso aos mercados a pergunta que muitos portugueses gostariam de ver respondida é:
 
- os 2 500 milhões que agora nos foram emprestados irão ser canalizados para a Banca de modo a que particulares e, sobretudo pequenas e médias empresas se possam financiar e, consequentemente, dinamizar a economia?

Tenho muitas dúvidas que isso aconteça e não fiquei nada tranquilo quando ouvi Passos Coelho dizer "Isto não é o ponto de chegada, é o ponto de partida". Deduzo, portanto, que continuaremos a ir aos mercados e que o endividamento continuará a aumentar. Só não sei até quando ....
 



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