segunda-feira, novembro 11, 2013

E se dúvidas houvesse ...



Quando soube que as grande superfícies se recusavam a pagar uma certa taxa, não pude deixar de pensar na já velha (mas verdadeira) frase da nossa esquerda mais à esquerda: "o Governo é forte com os fracos e fraco com os fortes". E porquê?

Aos reformados, por exemplo, ninguém lhes perguntou se estavam interessados em pagar a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), que constituiu uma forte machadada nas pensões e reformas e que era para ser paga, a título extraordinário, só em 2013 mas que já se adivinha que vai ser definitiva. Os pensionistas e reformados bem protestaram (através da sua associação, a APRe, ou noutros fóruns) e continuam a manifestar-se sem que alguém lhes ligue a mínima. São cada vez mais esquecidos e desrespeitados. Paguem e pronto.

Já em relação àqueles que têm poder, a questão é bem diferente. Quando foi aprovada uma taxa de segurança alimentar que seria paga pela distribuição às organizações de produtores pecuários pelos serviços prestados na área da sanidade animal, as grandes superfícies opuseram-se. Apenas os pequenos distribuidores pagaram enquanto os grandalhões deram instruções aos seus gabinetes de advogados para se encarregarem das competentes acções judiciais. Assim, do esperado encaixe financeiro de 17 a 18 milhões de euros com o pagamento desta taxa, em 2012 e 2013, o Estado só recebeu 3 milhões de euros. As grandes superfícies disseram não à lei.

Independentemente de sabermos se mais tarde as grandes superfícies virão, ou não, a pagar, o que constatamos uma vez mais é que quem não tem poder reivindicativo paga, quanto aos outros logo se vê o que acontece, sendo que o mais certo é levarem a sua avante, isto é, não pagarem. Não é por acaso que se diz que "há justiça para ricos e justiça para pobres" ou "educação para ricos e educação para pobres". Existe, de facto, na sociedade uma descriminação entre os que são mais débeis e os que têm maior poder económico. Ou estarei a exagerar?

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