sexta-feira, setembro 12, 2014

A "pobre vida" de um comissário europeu ...



Afinal, e depois do "sempre tão bem informado" Financial Times ter anunciado que Carlos Moedas iria ficar com a pasta do Emprego e Assuntos Sociais, o nosso futuro comissário na Comissão Europeia terá sob sua responsabilidade a pasta da Investigação, Ciência e Inovação, com um orçamento de cerca de 80 mil milhões de euros para gerir.

Moedas é um tecnocrata eficiente e dado o seu percurso profissional (mais do que o político) no sector financeiro, não tenho grandes dúvidas que virá a desempenhar a tarefa a contento. Muito embora a nomeação para este cargo não deixe de ter alguma ironia. É que Carlos Moedas, ainda membro deste governo, vai ser o comissário da Investigação e Ciência, justamente um sector em que o actual executivo mais desinvestiu em Portugal.

Portanto, não está em causa a sua nomeação. O que verdadeiramente me choca é o que ele vai ganhar: um salário bruto mensal de 20.832 euros (e assim que chegar à Bélgica receberá o equivalente a dois salários para que possa proceder à sua instalação naquele país), um subsídio de alojamento que pode chegar aos 3.123 euros, mais um montante a título de despesas de representação na ordem dos 607 euros. Isto para já. Sim, por que daqui a cinco anos, quando abandonar o cargo que está prestes a ‘abraçar’, Carlos Moedas terá direito a receber - durante três anos - o equivalente a um salário base para realojamento de, pelo menos, 8.333 euros, correspondentes a 40% do vencimento base. E aos 65 anos, quando se aposentar, o comissário europeu terá direito a uma pensão de 4,275% do vencimento base por cada ano de trabalho.

Por mais competente e difícil que seja o seu trabalho, acho escandalosas tamanhas mordomias num contexto nacional e europeu em que os cidadãos passam o que passam. Será desta forma que se pretendem resolver as assimetrias sociais e encontrar um equilíbrio para a distribuição da riqueza?

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