Este ano, por motivos familiares, não tive oportunidade de fazer as férias do costume, em que, "a banhos noutras paragens", consigo passar ao lado (pelo menos fugir aos detalhes das coisas) do que de mais importante se vai passando, se é que se costuma passar alguma coisa importante em Agosto. Afinal, é a altura do ano a que se costuma chamar a "sealy season" como dizem os ... portugueses.
Veja-se, por exemplo, o que aconteceu com o BES, talvez o maior colosso financeiro cá do burgo. Embora há quase um ano se adivinhasse que coisas esquisitas se passavam (praticadas ou consentidas pela sua Administração, estamos para saber), inexplicavelmente sem que medidas de fundo fossem tomadas, a bomba explodiu precisamente no início de Agosto. Com um estrondo bem descrito por Baptista Bastos numa crónica recente "Um espectro percorre Portugal: é o espectro da pobreza, da miséria moral, da fraude, da mentira, do embuste, da indecência, da ladroagem, da velhacaria". E o BES (as fraudes cometidas pelos seus gestores, entenda-se) foi a bomba que rebentou em resultado desse espectro. Só que o BES não acabou, dividiu-se em dois: o que já não é Banco (o BES propriamente dito) e um novo banco, o bom banco, a quem chamaram o "Novo Banco". Mas depois de tantos anos a pergunta é legítima: criar um "Novo Banco" faz-nos esquecer o velho?
Claro que não, muito embora o que continue a preocupar os cidadãos seja saber quais as consequências que vão sentir nos seus bolsos, directa ou indirectamente, o que podem perder das suas economias e investimentos. Pelo menos neste momento já saberão se ficaram a pertencer ao BES (o mau banco) ou ficam "tranquilamente" no Novo Banco, ou a ambos. Mas a dúvida persiste, que confiança é que poderão vir a ter num banco que agora foi criado - que, este sim, juram ser credível - depois de assistirem nos últimos tempos a inúmeros casos de fraudes cometidas por bancos em que supostamente deviam confiar e a quem entregaram os seus pecúlios. É que não há acções de marketing suficientemente capazes para, assim num abrir e fechar de olhos, devolverem a confiança aos clientes. Não basta mudar o nome do Banco, o seu logótipo ou os seus gestores ... É que entre "o bom e o mau" vai a distancia de um banco.
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