terça-feira, abril 18, 2006

Justificar o injustificável?

Num país que (dizem) atravessar uma crise económica profunda, onde o orçamento não dá sequer para comprar os tinteiros e o papel para as impressoras da Polícia Judiciária, daria a impressão que todo o dinheiro que os muitos milhares de turistas que nos visitam todos os anos nesta época, faria muito jeito para equilibrar algumas das nossas contas. Isto para não falar na enorme frustração que esses turistas devem sentir por não poder conhecer um pouco mais da nossa cultura e da nossa História, uma vez que os Museus e os Palácios deste país estão de portas fechadas sexta, sábado e domingo de Páscoa.

Mesmo tentando perceber todas as razões que nos têm sido dadas pelos diversos responsáveis, acho inconcebível que se escolha uma altura destas para se fazer uma greve que tanto prejudica o Estado e quem nos visita.

E esta greve dos Museus e dos Palácios Nacionais já dura há, calculem, 16 anos. Nem mais. Os trabalhadores dos museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos tutelados pelo Ministério da Cultura recorreram este ano, uma vez mais, à greve, apesar do Estado pagar a esses trabalhadores 200% nesses dias.


Entende-se que os trabalhadores tenham reivindicações para resolver, nomeadamente as relativas aos horários de trabalho, ao gozo de férias, a vínculos laborais precários, mas caramba, fazer greve justamente num período tradicionalmente marcado por um significativo acréscimo de visitantes estrangeiros, parece-me desadequado, pelas razões já expostas e por uma outra – essa muito mais grave - que ouvi da boca de um sindicalista “todos têm o direito de ir passar a Páscoa com a família”.

Essa justificação é demasiado forte para mim e não faz qualquer tipo de sentido. Mas pode ser que eu esteja a ver mal o problema, e se assim for, se vier a vingar este princípio, para o ano poderemos ter um país totalmente paralisado. Para além dos funcionários dos museus, teremos também em greve polícias, médicos, motoristas e todos os demais trabalhadores que normalmente trabalham nesta época, porque, também eles, têm o direito a passar a Páscoa com as suas famílias.

Aos turistas, restará como única atracção, os pombos nacionais, se é que eles não se lembram de promover, também, uma greve.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esperemos que esses senhores que "têm o direito de ir passar a Páscoa com a a família" não se lembrem de ir nesses dias comer num restaurante, ou passar os dias num hotel, ou ainda, terem UMA VALENTE DOR DE BARRIGA que os obrigue a ir a um hospital!!!!!!! As pessoas são muito egoístas e tendem a olhar apenas para o próprio umbigo.
Concordo que é, obviamente, aborrecido trabalhar quando a maioria está de férias, mas são contingências particulares dos empregos, que eram conhecidas quando as pessoas os aceitaram, além de que são compensados monetariamente por esses "sacrifícios", por isso...

Anónimo disse...

Nem sequer estranhei que o “porcos no espaço” não tivesse vindo a terreiro. Afinal, dos tais milhares de turistas que costumam visitar-nos nesta época do ano, muitos são espanhóis e ele já aqui tem demonstrado “su amor” pelos “nuestros hermanos”. Pelo que, os museus bem podem estar fechados que daí não vem grande mal ao mundo. Pensando neles (nos espanhóis), quem não pode fazer greve são os pombos, porque há sempre a esperança de que alguns deles (pombos) possam incomodar (sujando) alguns deles (espanhóis)…