A questão surgiu durante um almoço de amigos, colocada não na forma de uma pergunta, mas como sugestão para uma discussão puramente académica. Afinal, “O mesmo é o mesmo que mesmo?”
A formulação da pergunta, para além de estranha, sugere que quem discute este tipo de coisas não deve ter muita mais em que pensar. Não passará mesmo de "filosofisses", como diria um amigo meu.
Mas, como aceitei entrar neste desafio e como tinha que começar por qualquer lado, procurei no dicionário e lá só encontrei a palavra mesmo uma única vez. Por isso, se existe uma só palavra, acabou-se a discussão, não há a possibilidade de a compararmos com outra palavra (que seria mesmo) porque ela, a segunda palavra, nem sequer existe.
A formulação da pergunta, para além de estranha, sugere que quem discute este tipo de coisas não deve ter muita mais em que pensar. Não passará mesmo de "filosofisses", como diria um amigo meu.
Mas, como aceitei entrar neste desafio e como tinha que começar por qualquer lado, procurei no dicionário e lá só encontrei a palavra mesmo uma única vez. Por isso, se existe uma só palavra, acabou-se a discussão, não há a possibilidade de a compararmos com outra palavra (que seria mesmo) porque ela, a segunda palavra, nem sequer existe.
Pelo que, nesta perspectiva, não haverá mais nada a dizer. Isto é, não sei se não haverá mesmo, porque o dicionário diz que mesmo pode ser um pronome demonstrativo, ou um substantivo masculino ou, ainda, um advérbio. O que, no fundo, vem repor e relançar a questão inicial da existência de vários mesmos.
Ainda que numa só palavra, a existência da mesma (palavra, que é o que estávamos a falar), pode, afinal, significar coisas diversas. O que não me espanta nada, porque vindo a palavra do latim metipsimu, que mais parece um termo grego, podemos perfeitamente conjecturar que a língua dos romanos não era lá muito de fiar. Daí, ser hoje, uma língua morta.
Portanto, minha querida Débora, a discussão não chega mesmo a ter discussão. Quando muito, poderemos interrogar-nos se o empregado que nos serviu no Martinho da Arcada era mesmo competente, ou era simplesmente antipático, ou melhor ainda, se ele era mesmo antipático!
Ao fim e ao cabo, e de um ponto de vista puramente académico, como se pretendia aliás, e pondo-se de parte, naturalmente, o lado semântico da questão, acabo por concluir que “O mesmo não é, de facto, o mesmo que mesmo”. É que entre o primeiro e o segundo mesmo a diferença está na entoação, com que se pronunciam as palavras. A diferença entre as duas, reside mesmo na intenção, na provocação, na censura, na chamada de atenção. No limite, se quiserem, na demonstração de profunda irritação. Mas irritação mesmo!
5 comentários:
E para aqueles que não estiveram presentes nesse momento singular e ainda cuja língua materna é o portugês, esta situação gira em torno de quê mesmo?
...leia-se "português", e não portugês.
Ok. Falam, falam, falam, falam e... concluímos que o empregado é MESMO antipático e irritante, seja qual for a definição de mesmo. Mas, mesmo assim, é sempre bom saber...
Estou mesmo pasmado. Aposto que o texto, por tão escorreito e clarividente, foi escrito por um político da nossa praça. E se de um ponto de vista académico, como diz o brilhante articulista, a discussão foi profícua, já para nós, comuns leitores, o mínimo que se pode dizer é que ficámos rigorosamente na mesma.
Mesmo assim, será que não tendes mesmo nada sobre o que reflectir ou mesmo dissertar, sem ser sobre o mesmo.
É que mesmo lembra-me, a mesma coisa, e a mesma coisa é outra coisa, isto é : A mesma coisa é colocar dois dedos no mesmo sítio e ao cheira-los vão ver que cheiram ao mesmo.
Mesmo assim...
Permissa venia
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