Quando se anda à procura de emprego ou quando, muito simplesmente “se dá uma volta” pelos cadernos de anúncios de emprego dos diversos jornais, o que mais encontramos é o pedido de candidatos a qualquer coisa, desde que tenham uma ou mais licenciaturas e a experiência de uns quantos anos da actividade.
Em termos empresariais percebem-se os porquês, mas o que mais arrelia o comum dos mortais que está aflitíssimo para arranjar qualquer coisa que lhe pague as despesas, é que, na maioria das vezes ou ele não é licenciado, ou é licenciado mas não na especialidade que a empresa pretende, ou ele (licenciado ou não) nunca trabalhou naquela área, ou ele nunca trabalhou mesmo.
E relativamente à falta de experiência, entra-se num círculo vicioso. Como o aspirante ao emprego nunca trabalhou, não tem experiência e, por não ter experiência não pode ter acesso ao lugar.
A crueldade torna-se, ainda, mais dolorosa quando os entrevistadores são jovens burocratas que, ou “lêem” as instruções recebidas como um dogma, ou não conseguem perceber as reais potencialidades de quem se candidata ou, porque, em muitos casos, esses entrevistadores receiam perder o seu próprio posto de trabalho a favor daquele candidato que têm diante de si.
Parece-me óbvio que é necessário dar uma oportunidade a que um candidato se possa mostrar, para que se chegue à conclusão que ele serve, ou não, para determinado lugar. Porque, a experiência, se ele for bom, virá com o tempo.
Foi por causa deste enorme imbróglio, demasiado presente na nossa sociedade, que bati as mãos de contente, quando li o currículo enviado para a Secção de Pessoal da Volkswagen por um aspirante a trabalhador. Leiam só:
Em termos empresariais percebem-se os porquês, mas o que mais arrelia o comum dos mortais que está aflitíssimo para arranjar qualquer coisa que lhe pague as despesas, é que, na maioria das vezes ou ele não é licenciado, ou é licenciado mas não na especialidade que a empresa pretende, ou ele (licenciado ou não) nunca trabalhou naquela área, ou ele nunca trabalhou mesmo.
E relativamente à falta de experiência, entra-se num círculo vicioso. Como o aspirante ao emprego nunca trabalhou, não tem experiência e, por não ter experiência não pode ter acesso ao lugar.
A crueldade torna-se, ainda, mais dolorosa quando os entrevistadores são jovens burocratas que, ou “lêem” as instruções recebidas como um dogma, ou não conseguem perceber as reais potencialidades de quem se candidata ou, porque, em muitos casos, esses entrevistadores receiam perder o seu próprio posto de trabalho a favor daquele candidato que têm diante de si.
Parece-me óbvio que é necessário dar uma oportunidade a que um candidato se possa mostrar, para que se chegue à conclusão que ele serve, ou não, para determinado lugar. Porque, a experiência, se ele for bom, virá com o tempo.
Foi por causa deste enorme imbróglio, demasiado presente na nossa sociedade, que bati as mãos de contente, quando li o currículo enviado para a Secção de Pessoal da Volkswagen por um aspirante a trabalhador. Leiam só:
"Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.
Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada.
Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única.
Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir meus lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial, já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.
Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um"para sempre" pela metade.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
E, agora, um questionário pergunta-me: "- Qual é a sua experiência? "Essa pergunta fez eco no meu cérebro. "Experiência.... "Experiência... "Será que cultivar sorrisos é experiência? Em contrapartida, agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:"- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"
Neste caso, e felizmente, o decisor considerou que, no mínimo, quem se apresentava ao lugar tinha manifestado imaginação e sensibilidade e, ao que consta, o candidato foi mesmo aceite.
Só não cheguei a saber se era licenciado e se tinha a experiência requerida para o lugar…
2 comentários:
Ora aqui está um verdadeiro post gerador de emoções!
Obrigada. Só agora acordei apesar de já ter aberto os olhos há 2 horas atrás!
Fiquei completamente desarmado com esta carta.
Formidável! É de fazer inveja a muito publicitário convencido que anda por aí.
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