Um grupo de cidadãos, cansados de tanto ouvir dizer que a nossa economia está a crescer devagar, devagarinho, cansados das projecções pouco animadoras da OCDE, do FMI, da UE e do Banco de Portugal, cansados da opinião mais ou menos unânime de políticos e economistas, nacionais e estrangeiros, que consideram que o Governo está a tomar medidas certas mas insuficientes, desesperados, enfim, acharam que tinha chegado a altura de tomarem uma decisão. E tomaram-na…
Depois de uma avaliação profunda, exaustiva e rigorosa à situação económica do Estado, ou seja, ao estado a que isto chegou, estes cidadãos, decidiram propor ao Governo um pacote de medidas que poderão constituir um contributo valioso que venha ajudar a ultrapassar a situação difícil em que Portugal se encontra, por forma a que nos aproximemos um pouco mais de países muito mais ricos do que nós, como a Lituânia, a Eslovénia, a Croácia e outros que mais.
Medidas essas, que venham, no fundo, complementar outras já tomadas pelo Governo, como a penalização do chamado mergulho de chapão com bandeira amarela, ou mesmo uma simples entrada na água quando a bandeira hasteada for vermelha, ou mesmo encarnada. Nestas duas situações a coima a aplicar vai de 55 a 1000 euros.
O grupo de cidadãos decidiu, então, propor ao Governo que sejam aplicadas multas, coimas ou sanções pecuniárias que sejam severas, mas severas mesmo, nas seguintes situações:
- Uso de meia branca com sapatinho escuro (cem mil euros)
- Bigode à futebolista dos anos oitenta (duzentos a dois mil euros)
- Coçar os genitais em público (cento e cinquenta a mil e quinhentos euros)
- Utilização do colete reflector nas costas do banco do condutor (cento e vinte a mil e duzentos euros)
- CD pendurado no retrovisor (cento e vinte a mil e duzentos euros)
- Passear de fato de treino nos centros comerciais ao fim de semana (quatrocentos a quatro mil euros)
- Mulheres com excesso de peso envergando roupa muito apertada e com a barriga à mostra por onde saem quilos de banha (cento e trinta a mil e trezentos euros)
- Uso de óculos de sol em discotecas, cinemas, ginásios e restaurantes (quinhentos a cinco mil euros)
- Uso de sandálias com peúgas (trezentos a três mil euros)
- Cuspir para o chão na via pública (trezentos a cinco mil euros)
- Dar arrotos, sobretudo em restaurantes, pastelarias e outros lugares públicos (cento e quarenta a três mil euros)
- Utilização de expressões como “prontos”, “portantos”, “stander de automóveis” e outras quejandas, não esquecendo o começo de frases por “Isto é assim” (cento e quarenta a mil e quatrocentos euros)
“Prontos”, deixada a sugestão deste grupo de cidadãos preocupados, não só com estado da economia mas, também, com o “pirosismo”, com a falta de educação e de bom gosto que se instalou na nossa sociedade, agora, o Governo só tem que começar a facturar e a encher os cofres. Não vão faltar “cromos” para pagar as coimas. É só estar com atenção…
5 comentários:
Actualização nesse pacote de medidas. Falta aplicar multas a:
- Pessoas que exercem o "s perdido" no final de cada palavra, tal como em "fostes", "fizestes", "comestes", "vistes", e por aí fora.
- Unhaca comprida (em particular a do dedo mindinho) e cabelo à taxista (cujo expoente máximo nacional é o músico popular Marante - parente pobre do Donald Trump).
- Putos com aqueles ténis de rodinhas.
- Homens de tanga na praia, com taxa extra se apresentarem cordão de ouro.
- Pessoas que deixaram de saber ir ao cinema sem um contentor de pipocas.
- Mulheres que caminham de braços cruzados, segurando as chaves de casa e uma carteirinha enquanto arrastam os pés.
Para já, estas são algumas das falhas que necessitam mais urgentemente de ser corrijidas. Mas há mais... muito mais.
Devo só fazer uma pequena correcção: as sandálias com meia são toleradas no caso de se tratar de um cidadão de passaporte britânico.
Meus amigos, aquilo que vocês classificam como bom gosto não passa de preconceito. Viva a meia branca, a tanga e o fio de ouro.
Não posso estar mais de acordo com as medidas passíveis de serem sujeitas ao pagamento de multas, quer as sugeridas no texto quer as do comentário do “porcos no espaço” . A excepção considerada para cidadãos britânicos do uso de sandálias com meias também me parece correcta. Agora a proibição da tanga e do fio de ouro parece-me um bocadinho excessiva. Fora com a tanga mas deixe-se o fio. Assim, sim…
Não compreendo como é que alguém pode passar sem uma unhaca comprida. Já pensaram como dá jeito ter uma coisa dessas para limpar os ouvidos e palitar os dentes? Para além da parte estética, claro. É um adereço que fica sempre muito bem.
Não é a sua capacidade multi-usos que mais me inquieta. Dá sempre jeito ter uma unhaca daquelas à mão, para cortar fiambre ou para servir de calçadeira. As suas potencialidades vão até ao limite da imaginação.
É, na verdade, são os factores "higiene" e "estética repugnante" que me levam a tomar esta posição.
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