Não era necessário que a AESE – Escola de Direcção e Negócios, uma das boas escolas de negócios a operar no país, viesse agora a terreiro para dizer que os portugueses, de uma forma generalizada, não cumprem horários. Quando muito a AESE vem confirmar, ou se quiserem, vem dar crédito a uma verdade que há muito todos sabíamos.
Mas porque já sabíamos (ou calculávamos) que estávamos perante números terríveis, que não abonam nada em nosso favor, puder-se-ia supor, pelo menos, que as coisas iriam melhorar com o tempo, ainda que fosse devagar, devagarinho.
Noutro país, com outras gentes, talvez. Em Portugal e com os portugueses não, definitivamente não.
Os números não nos deixam dúvidas: 95% dos portugueses não são habitualmente pontuais, 65% das reuniões não começam à hora marcada, 60% das empresas vêem o seu negócio prejudicado pelo incumprimento de prazos.
A situação é, no mínimo, muito desesperante e não há quem consiga achar uma forma de podermos sair dela, o que torna a coisa ainda muito mais preocupante.
Se 95% dos portugueses não são pontuais, isso significa, para já, que essa maioria se está a borrifar para os outros 5% que têm a mania de chegar a horas, e que os considera trouxas, parvos e pouco inteligentes. Mas pode também significar que desses 5% pontuais, alguns deles, fartos de serem os “certinhos” da companhia, na próxima oportunidade, e porque não vale a pena chegar a horas, também eles vão começar a chegar tarde e a engrossar a percentagem dos que não cumprem. Só que agora não será devagar, devagarinho mas sim, eles vão entrar rapidamente no “sistema”, de modo a que um dia destes não haverá um só português que seja pontual.
Quanto a só 35% das reuniões começarem à hora marcada, isso preocupa-me menos. Quem é ou já foi algum dia “profissional de reuniões”, sabe que a maioria delas, de facto não começa à hora marcada porque faltam sempre uns quantos e que, normalmente, são sempre os mesmos. Mas daquelas reuniões que começam mesmo à hora, o normal é que os assuntos que os levaram a reunir-se só comecem a ser debatidos pelo menos meia hora depois do início, pois os desabafos, os queixumes e os cafés que os participantes vão tomando, já passaram a fazer parte da própria reunião.
E, reparem, estou a falar de reuniões que têm uma agenda previamente definida. Quando não há agenda, então ...
Preocupa-me, isso sim, que 60% das empresas não cumpram os prazos. Isso é verdadeiramente dramático e deita por terra a credibilidade de qualquer empresa. Será que existe alguém completamente louco que contrate um serviço, ou compre quaisquer produtos a uma empresa, sabendo de antemão que os prazos indicados por essa empresa nunca irão ser cumpridos? Claro que não.
Então como se poderá alterar este estado de coisas? Não é fácil, não deve ser nada fácil, suponho, senão não estaríamos agora a falar deste assunto.
Podem-se aplicar castigos, pecuniários ou de outro tipo, mas não tenho a certeza que dessa maneira se consigam alcançar grandes sucessos.
Mas porque já sabíamos (ou calculávamos) que estávamos perante números terríveis, que não abonam nada em nosso favor, puder-se-ia supor, pelo menos, que as coisas iriam melhorar com o tempo, ainda que fosse devagar, devagarinho.
Noutro país, com outras gentes, talvez. Em Portugal e com os portugueses não, definitivamente não.
Os números não nos deixam dúvidas: 95% dos portugueses não são habitualmente pontuais, 65% das reuniões não começam à hora marcada, 60% das empresas vêem o seu negócio prejudicado pelo incumprimento de prazos.
A situação é, no mínimo, muito desesperante e não há quem consiga achar uma forma de podermos sair dela, o que torna a coisa ainda muito mais preocupante.
Se 95% dos portugueses não são pontuais, isso significa, para já, que essa maioria se está a borrifar para os outros 5% que têm a mania de chegar a horas, e que os considera trouxas, parvos e pouco inteligentes. Mas pode também significar que desses 5% pontuais, alguns deles, fartos de serem os “certinhos” da companhia, na próxima oportunidade, e porque não vale a pena chegar a horas, também eles vão começar a chegar tarde e a engrossar a percentagem dos que não cumprem. Só que agora não será devagar, devagarinho mas sim, eles vão entrar rapidamente no “sistema”, de modo a que um dia destes não haverá um só português que seja pontual.
Quanto a só 35% das reuniões começarem à hora marcada, isso preocupa-me menos. Quem é ou já foi algum dia “profissional de reuniões”, sabe que a maioria delas, de facto não começa à hora marcada porque faltam sempre uns quantos e que, normalmente, são sempre os mesmos. Mas daquelas reuniões que começam mesmo à hora, o normal é que os assuntos que os levaram a reunir-se só comecem a ser debatidos pelo menos meia hora depois do início, pois os desabafos, os queixumes e os cafés que os participantes vão tomando, já passaram a fazer parte da própria reunião.
E, reparem, estou a falar de reuniões que têm uma agenda previamente definida. Quando não há agenda, então ...
Preocupa-me, isso sim, que 60% das empresas não cumpram os prazos. Isso é verdadeiramente dramático e deita por terra a credibilidade de qualquer empresa. Será que existe alguém completamente louco que contrate um serviço, ou compre quaisquer produtos a uma empresa, sabendo de antemão que os prazos indicados por essa empresa nunca irão ser cumpridos? Claro que não.
Então como se poderá alterar este estado de coisas? Não é fácil, não deve ser nada fácil, suponho, senão não estaríamos agora a falar deste assunto.
Podem-se aplicar castigos, pecuniários ou de outro tipo, mas não tenho a certeza que dessa maneira se consigam alcançar grandes sucessos.
Para mim (ingénuo como sempre) o princípio de tudo está na educação. Mas a educação pressupõe também o exemplo e esse é que é, precisamente, o busílis da questão. Se quem manda, se quem educa e forma não tiver na prática uma conduta coerente com o que está a determinar ou a ensinar, então adeus ilusões, continuaremos a ser o tal povo em que 95% das pessoas não cumprem qualquer tipo de horários.
6 comentários:
Ainda estou nos 5%! Mas também já me começo a cansar disso. As pessoas não têm respeito nenhum pelas outras e pensam sempre que são elas quem mais trabalha e que quem chega a horas é porque não tem nada para fazer! É uma conclusão interessante a tirar. Mas com pessoas que usam este tipo de argumento, nem vale a pena contra-argumentar.
Esqueci-me de realçar que me referia aos horários de chegada às reuniões.
Tenho um filho (que é um dos mais ou menos certinhos) que, por causa dos amigos nunca chegarem aos encontros às horas combinadas, já tem dito que não tarda que ele próprio faça exactamente o mesmo, isto é, vai começar a ser o “chega quando chega”.
Estou mesmo a ver que, se isto não arrepiar caminho, daqui a uns tempos não vai haver sequer encontros, porque cada um vai chegar à sua hora e com as suas desculpas por chegar tarde.
E estes “desencontros”, na minha opinião, só acontecem porque o egoísmo e o desrespeito pelos outros está instalado na nossa sociedade.
Eu também já passei para os 95%.
Tive que me adaptar à realidade que me rodeia.
Lembram-se do António Fagundes, aquele actor bonitão brasileiro, tão cheio de charme.
Pois quando ele actuou em Portugal, ainda não há muito tempo, depois do espectáculo começar - pontualmente à hora marcada - não deixava entrar mais ninguém na sala.
E muita gente não gostou do gesto e ainda menos de ficar à porta. Certamente que deviam pertencer aos tais 95%!
E aquela mania dos portugueses, oficializada, de resto, na função pública, de se estabelecer uma determinada hora de chegada e ainda por cima ser concedida uma tolerância de quinze minutos?
Claro está que a maioria partia do princípio que a hora de chegada era a hora em que terminava a tolerância e os atrasos só contavam a partir daí.
Depois, generalizou-se o atraso, começou a pensar-se que era normal e aceitável e estamos hoje, afinal, a queixarmo-nos de quê?
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