No passado dia 11 de Julho, comemorou-se o “Dia Mundial da População” (mais um) a que eu nem sequer me referiria, se não fosse o facto de estarmos a assistir a uma redução drástica da população no nosso país, o que é altamente preocupante.
Em 1974, Portugal tinha as mais altas taxas de natalidade e de fecundidade da União Europeia. Trinta anos depois, o número médio de filhos por mulher portuguesa desceu de 3,5 para 1,3, e passámos a ser o sétimo país mais envelhecido do mundo.
Assim, num país que registou, em 2006, a mais baixa taxa de natalidade dos últimos 20 anos e em que os índices de nascimentos têm vindo a descer cada vez mais, é de louvar - uma vez que o governo central poucas ajudas concede às famílias com filhos - que há pouco, a autarca de Vila de Rei tivesse querido fixar no seu concelho, famílias jovens a quem prometeu ajudas de vária ordem.
Para evitar a desertificação que se adivinhava para breve, a empreendedora autarca tratou de “importar” 250 brasileiros que se disponibilizaram a rumar a Portugal com as suas famílias.
Só que nem sempre as boas intenções e as ideias mais brilhantes conduzem aos melhores resultados. Depois de um promissor começo, e por razões que não interessam agora recordar, os brasileiros começaram a desandar e, a pouco e pouco, tudo voltou mais ou menos à estaca zero.
E porque as coisas não tendem a melhorar, se não tomarmos medidas rapidamente, acabará por acontecer que dos cerca de 10 milhões de almas que somos hoje, dentro de quarenta anos não seremos mais do que 7,5 milhões.
Não vejo outra alternativa, pois, que não seja, depois de consultado o Santo Padre, a de recorrermos à ajuda dos padres.
Dos padres, perguntarão!
Pois então, se não sabem, ficam a saber que esta questão da desertificação e do despovoamento já aconteceu por volta de 1487. Ao que consta, havia um certo padre – Francisco Costa, de seu nome – Abade de Trancoso, que era demasiado mulherengo, o que deixava os homens da terra muito intranquilos, de tal forma que pediram ao rei que o padre fosse condenado a uma sentença cruel.
O Abade de Trancoso, de 61 anos, era então acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, e, da própria mãe, teve dois filhos.
Tudo isto num total de duzentos e setenta e cinco filhos, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e quatro mulheres".
Porém, o Rei D. João II, um Rei sábio, “perdoou a morte ao padre e mandou-o em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo…”.
Mais do que um “herói” de Trancoso, este homem devia ser proclamado um autêntico herói nacional, para mais em tempo de tão fraca natalidade!...
2 comentários:
Eu que não sou padre, nem abade, muito menos santo, se tiver que fazer sacrifícios pelo meu país nessa matéria, contem comigo.
O Zézé Camarinha é um menino.
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