terça-feira, setembro 22, 2009

História mal contada

Sempre achei que frequentar cafés discretos na Avenida de Roma não era lá grande ideia. Não por serem uns cafés modestos mas porque a Av. de Roma já não tem o encanto de outrora, quando ela era uma das Avenidas Novas e o Café Vává albergava várias gerações de artistas e revolucionários e era, de alguma forma, o símbolo de uma certa inteligência urbana.

Pois, ao que parece, não foi isso que pensou o agora ex-assessor para a comunicação social do Presidente da República que hoje foi afastado do cargo pelo próprio Cavaco Silva.

E se calhar pensou mal. Se ele soubesse que aquele “eventual pedido” para publicação de um artigo no Público (para fazer crer que havia “alegadas escutas” em Belém mandadas fazer por um governo enxerido) e se soubesse que um “alegado e-mail” que comprometia o Presidente iria aparecer em vários jornais, certamente que o senhor ex-assessor de imprensa e homem de confiança de Cavaco, não se teria dado ao trabalho de ir tomar um café, num café discreto da Avenida de Roma.

O certo é que o homem ficou sem o emprego. O certo é que a história continua por esclarecer. Houve ou não escutas em Belém? Quem as fez, quem as ordenou, porque não houve esclarecimentos até agora do Presidente da República? Nem uma confirmação nem um desmentido sobre as denúncias das “alegadas espionagens”.

Os cidadãos têm o direito a saber a verdade. Mesmo que essa verdade passe apenas pela divulgação das razões que levaram ao despedimento deste assessor (“alegado mandante” da tal notícia), pelo aproveitamento político-partidário neste ciclo eleitoral que atravessamos ou, ainda, por um imbróglio bem urdido para “alegados e mais vastos ataques” a certos órgãos de comunicação social.

Para mim o assunto continua a necessitar de explicações.





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