terça-feira, setembro 29, 2009

Impossibilidades


Quase a atingir o final da primeira década do século XXI, quando todas as tecnologias não param de se superar e de nos surpreender, não podemos deixar de ficar perplexos sobre situações anacrónicas que teimam em persistir.


Como esta de no ciclo eleitoral em curso estarem recenseados mais de 9,4 milhões de eleitores, dos quais – e segundo um estudo de dois investigadores do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa – 930 mil eleitores registados não poderem votar, a maior parte por … já terem morrido.


Na verdade, sabe-se que a existência destes eleitores-fantasmas provoca um nível de abstenção acrescido (mais dez por cento que a abstenção “normal”) e pode, eventualmente, influenciar a obtenção (ou não) de uma maioria parlamentar. Como aconteceu, de resto, em 1999 quando este tipo de situação terá deixado António Guterres a um passo de ter a maioria no Parlamento.


Mas se esta questão não se colocou na eleição de domingo, porque é que eu fui falar no assunto? Apenas porque não aceito a eternização dum erro com base numa justificação no mínimo bizarra – “relativamente às pessoas mortas é tecnicamente muito difícil alterar os registos dos cadernos eleitorais”.

É que já nem falo daqueles que saíram ou entraram no país. Admito que a esses seja difícil controlá-los. Estou a referir-me apenas aos que morreram mesmo. Será que não existe forma de “abatê-los” nos cadernos? Meus senhores estamos na era da informática e neste campo não há impossibilidades. Pode ser mais caro, levar mais tempo mas, em querendo, tudo se faz.

O próprio secretário-geral da Administração Interna reconheceu em Agosto que há 107 mil mortos que não podem ser descarregados. Não podem? PORQUÊ?

Tem que haver uma solução. A de continuarmos a ter “mortos-vivos” que estão legalizados é que ninguém pode aceitar.




4 comentários:

Anónimo disse...

A informática não sabe se as pessoas morreram. Alguém tem que lhe dizer.

demascarenhas disse...

Evidentemente! O Caro Anónimo tem toda a razão, sem que alguém introduza os dados ou se os circuitos não estiverem bem desenhados e oleados a “informática” não consegue adivinhar. Mas tenho a certeza de que percebeu o que eu queria dizer.

De qualquer forma, o problema continua a existir e é isso que tenho dificuldade em admitir.

A propósito, o DN de hoje refere “Simulação de resultados eleitorais sem eleitores-fantasmas dá mais dois deputados ao Bloco de Esquerda e retira um ao PS e outro ao CDS”.

Estão a ver como é que os tais “mortos-vivos” podem influenciar os resultados?

Anocas disse...

Exactamente porque a Informática não sabe se as pessoas morreram e alguém tem que lhe dizer, é que quando uma pessoa morre o funcionário da Agência Funerária pede de imediato o cartão de eleitor para que seja dada baixa do cidadão. Ou é só "para inglês ver" como se costuma dizer ou alguma coisa não está a funcionar...

Vexata disse...

Será que todos os presidentes de Junta estão com vontade de actualizar os cadernos ?

Parece-me que, nem todos!