terça-feira, outubro 26, 2010

Será que o mundo (ou alguém) está a ficar louco?


Não me venham outra vez com aquela história de que nas empresas bem geridas a motivação dos trabalhadores aumenta e, com ela, a produtividade. Claro que isso é verdade mas, como todos sabemos, em épocas de crise não é isso que costuma acontecer. Pelo contrário, nas horas de aperto, e a propósito das dificuldades, muitas empresas aproveitam essas mesmas (supostas) dificuldades para fechar as portas, despedir os trabalhadores ou baixar os seus salários.


E exactamente por estar demasiado habituado a esses esquemas é que fiquei “abazurdido” de todo quando soube que na Autoeuropa eles estão a “tramar” algo que não lembraria ao diabo.


Então não é que houve um acordo entre os trabalhadores e a administração para que os salários aumentassem 3,9% nos dois próximos anos, acima até do que a própria comissão de trabalhadores tinha pedido (3,8%)? Mais, a empresa compromete-se a não despedir qualquer trabalhador até 2013 e a tornar efectivos trabalhadores com contratos a prazo. Mais ainda, o subsídio de transportes vai ser aumentado de 5%. E, como se isto não fosse o bastante, os trabalhadores vão ser ainda “castigados” com melhorias no seguro de saúde, as grávidas vão ter um subsídio de 10% do salário base e os trabalhadores com filhos a iniciar o primeiro ano de escolaridade receberão da empresa kits de material escolar básico. E não acrescento mais porque tudo o que explicitei quase não dá para acreditar mas, segundo consta, existem mais incentivos e benesses a conceder.


Face ao conjunto de medidas contratualizadas na Autoeuropa, alguém é capaz de me explicar o que está a acontecer? Justamente quando em toda a Europa (com excepção da Alemanha, claro) a tendência é de crise profunda e de desemprego galopante, temos cá no cantinho da dita, uma empresa (que por acaso também é alemã) que, em contraciclo, se entende com os seus trabalhadores e lhes proporciona motivações bem fortes em que todos (empresa e trabalhadores) ficam a ganhar.


Daí a minha pergunta inicial: Será que o mundo (ou alguém) está a ficar louco?





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