Eu sei que a vida deve ser dinâmica, caso contrário correm-se grandes riscos. É assim com as empresas, é assim na política e é assim com as nossas próprias vidas. Mas, há limites.
Confesso que não achei piada àquela ideia peregrina de um colunista do Financial Times sobre a possibilidade de Portugal ser “anexado” pelo Brasil. Num texto curto, intitulado “Portugal e Brasil, inversão de papéis”, texto que pretendia ser gracioso (?), Edward Hadas, o tal jornalista, sugeria que face às grandes dificuldades financeiras em que o nosso país se encontra, seria bem melhor para nós se ficássemos sob a alçada dos nossos irmãos brasileiros, actualmente um gigante emergente do poder mundial e que cresce a bom ritmo. Ou seja, seríamos mais uma província brasileira, esta (Portugal,Portugália ou coisa do género) situada como ponta-de-lança na velha Europa, o que constituiria uma vantagem enorme para … o Brasil.
Ganhava o Brasil, ganhava Portugal e ganhava a Europa. Todos ganhavam. Só que, ainda que o nosso país tirasse vantagens reais desta “colonização” sem sentido, ainda assim, eu (e a maioria dos portugueses, certamente) não estaríamos de acordo. E acreditem que penso desta forma não por mero nacionalismo bacoco mas por que não faz qualquer sentido. Somos apenas países irmãos, com uma língua comum e com muito passado histórico que nos une. Aliás costuma dizer-se que apenas o oceano nos separa. E, por também não fazer sentido, nem se coloca a questão (acho eu) de uma eventual vingança brasileira pela colonização lusa de tantos séculos.
A hipótese levantada pelo jornalista quis, como referi, ter graça. Mas se não foi esse o seu pensamento, certamente que imaginava que Portugal só poderia sair do buraco em que se encontra se fizesse parte de uma nação em franca ascensão económica e social. Assim sendo, a questão poder-se-ia colocar da seguinte forma:
Portugal teria vantagem se fosse uma província brasileira? Se calhar teria … mas não seria a mesma coisa.
Sem comentários:
Enviar um comentário