terça-feira, maio 24, 2011

E quem é que vai aceitar uma proposta destas?



Há muito que sigo com atenção as intervenções do Professor Daniel Bessa. Para além de ser um economista respeitado, admiro a sensatez da maioria das suas posições, embora, ideologicamente, as nossas convicções nem sempre apontem no mesmo sentido.


Vem este intróito a propósito do artigo que ele publicou no Expresso do passado sábado em que analisava as propostas dos partidos em baixar (ou não) a taxa social única (a TSU) como forma de aumentar a competitividade das empresas. A questão não é nada pacífica, a vários níveis, e nomeadamente quando se sabe que o abaixamento da TSU terá que ser compensado pelo agravamento do IVA.


Foi então que o Professor sugeriu a seguinte alternativa: “… aumentar o horário de trabalho em duas horas semanais. O efeito sobre a competitividade das empresas seria equivalente à redução da TSU; e não seria necessário subir o IVA, tirando o poder de compra às pessoas. Não é mais simples? Não seria melhor?”


Parece-me uma proposta equilibrada e exequível mas, meus Amigos, alguém acredita que os sindicatos e os trabalhadores alguma vez iriam aceitar uma coisa destas? Acho altamente improvável que isso acontecesse e o mais certo é que chovessem por aí argumentos do tipo “isso seria encher os bolsos dos patrões à custa dos trabalhadores”. Ainda assim, continuo a pensar que a sugestão do Professor Daniel Bessa poderia ser uma boa opção. Que diabo, duas horas a mais de trabalho por semana não seriam melhor do que pagarmos mais IVA em tudo aquilo que consumimos?


2 comentários:

Anónimo disse...

Sim sim! 2 horas semanais a mais, menos férias, menos feriados, mais anos de trabalho até à reforma... Não se arranjam mais medidas destas não? De facto é melhor do que subir o IVA, mas parece-me uma solução tipicamente "Partiu uma perna? Não está mal, podia ter partido as duas!"

demascarenhas disse...

Amigo Anónimo, tudo isso é verdade, é injusto e, do ponto de vista social, completamente desumano.

Mas desçamos à terra e olhemos para o desemprego e para a precariedade de trabalho que não param de aumentar. E o problema está longe de se resolver, independentemente do Governo que escolhamos nas próximas eleições. Por isso a sugestão do Prof. Bessa me parece equilibrada.

Olhe, ainda agora vinha a ouvir uma rádio em que um jornalista espanhol dizia que há pouco tempo quem ganhava 1000 euros em Espanha já vivia com bastante dificuldade. Pois agora os espanhóis olham com saudade para essa “fortuna” e apenas conseguem ganhar 300 ou 500 euros por mês e sem garantia que esses empregos continuem no mês seguinte.

Há situações em que, para usar a sua expressão, “é bom só ter partido uma perna”. Não concorda?