terça-feira, janeiro 16, 2007

Conversemos...


Uma das coisas que mais gosto de fazer e que, ao mesmo tempo, mais me entristece, porque quase já não existe, é ter “uma boa conversa”. As pessoas deixaram de conversar, deixaram de se encontrar e de organizar tertúlias onde tantas vezes se discutia arte, música, política e até desporto. E deixaram-se disso porquê? Porque hoje se vive em correria permanente, em stress contínuo, não há tempo para se estar com as pessoas, e isso, impossibilita a comunicação. E, se não temos tempo para estar com os outros, lá se vão a gentileza, a disponibilidade e a imaginação que uma boa conversa pressupõe.

E depois há televisão, os computadores, os MP3 e os telemóveis que, por uso desmedido, não ajudam em nada, o encontro entre as pessoas. Ao contrário, deixam-nos “pregados” aos respectivos aparelhos, isolados de tudo e de todos.

A dificuldade em comunicar está a generalizar-se.
As pessoas apenas têm nada para dizer às outras pessoas.

E quem fala mal ou não fala mesmo, normalmente escreve mal. Facto que se agravou com a introdução de uma escrita cifrada introduzida pelas novas gerações, com o uso “quase doentio” dos telemóveis. “Escrever”, neste caso, claro que é uma força de expressão. Se bem que os especialistas na matéria garantem que os telemóveis inventaram uma nova linguagem e, até, uma nova literatura. Querem um exemplo de uma mensagem que eu recebi?

“esta msg n é p akeles de kem me lembrei, mas sim p akeles k nunca pretendo eskecer”

Perante isto, quem sou eu para discordar?

Contudo, gostava de saber que linguagem é essa que se exprime de forma tão rude, quase sempre por recurso a pressupostas piadas ou a pensamentos de figuras célebres? Onde estão as ideias próprias, como são transmitidos os sentimentos e os afectos? E quanto à escrita, estamos falados. Eu sei que há que poupar o espaço e o tempo porque as mensagens a enviar são às dezenas. Mas, meus amigos, há limites para tudo. Porque, afinal, a escrever também estamos a conversar.

E termino, evocando dois pensamentos indianos, cheios de sabedoria, que vêm reforçar a minha teoria de que uma das melhores coisas da vida é “uma boa conversa”.

“Casa-te com alguém que goste de conversar”; e

“Quando envelheceres, a habilidade no conversar será mais importante do que qualquer outra coisa”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Felizmente ainda há quem goste de conversar consigo. Muito...