domingo, maio 13, 2007

É intolerável!


O desaparecimento da criança inglesa na Praia da Luz, no Algarve, qualquer que fosse o móbil do crime, é um episódio muito infeliz e que a todos nos deve deixar preocupados.

Não sabemos se as autoridades que estão a investigar o crime, nomeadamente a Polícia Judiciária, fez ou está a fazer tudo o que podia e o que devia. Não sabemos, mas acreditamos que sim. Mas o que ninguém pode negar é que neste caso foram postos de imediato e em quantidade, recursos que normalmente nunca estão disponíveis em casos semelhantes ocorridos com cidadãos nacionais.

Daí que me revolte com o que a imprensa inglesa, e não só os chamados tabloides, andam a propagar na opinião pública do seu país e, quiçá, noutros países, sobre a falta de competência da nossa polícia criminal e sobre a qualidade de um povo menor, atrasado e incapaz – nós – um exótico bastião da selvajaria mediterrânica, para onde, de resto, eles não se limitam a vir passar férias, mas já aqui estabeleceram as suas comunidades fechadas, guetos onde são acolhidos apenas os da sua nacionalidade, onde vendem e comem os seus produtos e onde a única língua escrita e falada que se usa é a inglesa. Comunidades, colónias diria, que vivem à margem do país que os acolhe e onde pretendem (muitas vezes de forma directa e descarada) inverter as posições de soberania internacionalmente aceites. Vivem em Portugal que é um país independente, que tem as suas leis e as suas instituições próprias e a que eles têm que se sujeitar.

E essas insinuações da comunicação social inglesa, por injustas e deselegantes, demonstram claramente aquele reflexo imperial de outros tempos, em que os ingleses sempre olharam para os portugueses, e para os outros povos, convenhamos, com uma sobranceria e arrogância insuportáveis.

A propósito do desaparecimento da criança, os ingleses começaram por mandar os seus polícias, supostamente para colaborar com a PJ mas na verdade com a vontade de orientar os provincianos dos nossos polícias, mandaram batalhões de jornalistas que na falta de notícias, vão-se entretendo a inventar e a maldizer os nativos. E nós, vamos, também, ajudando à festa, entrevistando todos os supostos especialistas que nos aparecem pela frente, numa atitude de assumida saloiice.

Só gostaria de saber se uma criança portuguesa fosse raptada em terras de Sua Majestade, se os jornalistas de lá perderiam um minuto que fosse a entrevistar qualquer enviado especial de um órgão de comunicação nacional.

Mas os ingleses deveriam ser um pouco mais inteligentes, sobretudo antes de começarem a achincalhar-nos por não termos conseguido, ainda, resolver este caso. É que eles não podem esquecer-se que, segundo a ONU, a Grã-Bretanha continua a ter uma das mais altas taxas de criminalidade dos países desenvolvidos, sendo particularmente expressiva – e particularmente ineficaz na sua resolução – no rapto dos seus menores.

6 comentários:

Anónimo disse...

Foi precisamente essa sobranceria e arrogância insuportáveis dos ingleses que me fez começar a admirar José Mourinho, quando ele os enfrentou e lhes disse o que, certamente, eles não esperavam.

Essa gente que sempre nos olhou de cima para baixo, estava mesmo a pedi-las e Mourinho teve a coragem necessária para lhes dizer que cá os portugas são tão bons como os melhores e, em certos casos, melhores do que aqueles que se julgam os maiores.

Anónimo disse...

É histórica a arrogância dos ingleses. Não só com Portugal, mas com qualquer outro povo. Basta ver como tem sido a sua relação com a Escócia, com a Irlanda, com a França ou com a Índia, por exemplo.

Assim de repente não me consigo lembrar de muitos povos tão convencidos de que são os melhores do mundo.

...Sem contarmos com os espanhóis, claro.


Só espero que encontrem a miúda depressa, porque os noticiários estão a ficar sem material para continuar a encherem chouriços.

É que já disseram tudo o que podiam sobre a pequenina, e uma criança portuguesa não gera metade do interesse dos media.

Se a miúda não aparece já, vamos ter de voltar a pegar no Apito Dourado.

Anónimo disse...

Temos escolas más, onde as pessoas se limitam a cumprir formalidades, porque motivo havemos de ter bons polícias? Custa mais ouvir isso se for um estrangeiro a dizer?
E o provincianismo é nosso, se colocamos muito mais meios para encontrar a menina inglesa loira que para encontrar uma criança portuguesa.
A imprensa portuguesa não criticou já outras polícias e outros sistemas judiciais? A Venezuela, no caso do piloto preso, o Dubai, no caso do cineasta que fumou o charro, o Canadá, no caso da lei da imigração? Isso também é uma prova da nossa arrogância e de resquícios imperiais?
A nossa imprensa não levanta muitas vezes dúvidas sobre o trabalho da nossa polícia? Porque motivo os outros não o hão-de fazer?
Se uma criança portuguesa fosse raptada num país teoricamente menos desenvolvido, tipo Roménia ou assim, nós de certeza que especulávamos, com o passar dos dias, sobre se o trabalho da polícia de lá seria o melhor, principalmente se o único contacto fossem atabalhoadas conferências de imprensa.
Há muitas coisas que considero intoleráveis, agora com umas insinuações de uns jornais ingleses sobre a nossa polícia posso eu bem.

Anónimo disse...

Cada um tem os seus ódios de estimação, e eu, ao contrário do porcos do espaço, acho que são os ingleses e não os espanhóis que são os mais convencidos do mundo. Aliás, não é por acaso que são o único povo ocidental que continua a não aderir ao sistema métrico quando há séculos todos os outros já o fazem e, quanto ao euro, não entram, não querem e não podem ouvir falar noutra coisa que não seja na sua libra. Será só para causarem a confusão ou porque assim são incontestavelmente diferentes e melhores?

Quanto aos espanhóis a coisa é diferente, o que eles gostam mesmo é de valorizar o que é deles, embora muitas vezes o façam de forma exagerada e desadequada. Mas enaltecer o que têm de bom, não me parece que seja tão criticável assim.


Quanto a comparações, caro azul, não me parece que possamos meter no mesmo saco o caso da menina desaparecida no Algarve com o do piloto português preso na Venezuela. Nem quanto à essência dos casos, nem quanto à competência das polícias dos dois países. A qualidade do trabalho da nossa polícia criminal é reconhecida internacionalmente (menos pelos ingleses ...) o que parece não acontecer com a da Venezuela.

Quanto ao caso do português que fumou o charro, aí não percebi que houvesse críticas por parte de quem quer que fosse. Podíamos não estar lá muito de acordo com a prisão do rapaz mas a verdade é que ele violou a lei do país e ponto final.

Finalmente, “essa das más escolas onde as pessoas se limitam a cumprir formalidades”, já foi explicada a intenção da ideia e, por isso, penso que continuar com a polémica é chover no molhado.

Para mim, que não sou polícia, nem conheço qualquer polícia, devo dizer que continuo a ter a melhor das impressões da nossa Judiciária. E por achar injustas as críticas que a imprensa inglesa tem feito a esse respeito, ainda por cima vindas de um país onde os pedófilos são mais do que muitos e onde a polícia britânica tem grande dificuldade em resolver muitos desses crimes que por lá se cometem, acho intolerável esse tipo de insinuações.

Anónimo disse...

"um país onde os pedófilos são mais do que muitos onde a polícia [...] tem grande dificuldade em resolver muitos desses crimes"
Fala de Inglaterra? De Inglaterra?
Diz o roto ao nu, não?

Anónimo disse...

A verdade é que eles são tão queridos que na sua edição de 10 de Maio o Daily Mail publicou:

"O RETRATO-ROBÔ FEITO PELA POLÍCIA PORTUGUESA É APENAS O DESENHO DE UM OVO COM ALGUNS RISCOS NO TOPO, A FAZER DE CABELO"

Não restam dúvidas. Houve uma fuga de informação da parte de quem está a investigar o crime, directamente para as páginas do Daily Mail!!!!!!!!!!!