Não pertenço ao grupo que é, vulgarmente, conhecido por “treinadores de bancada”, aqueles que não sendo uns verdadeiros especialistas, não se coibem, contudo, de dar os seus “bitaites” e de afirmar convictamente as suas teorias abalizadas de como as coisas devem ser feitas e quais a estratégias a seguir.
No entanto, e mesmo não sendo um “expert”, é claro que tenho opiniões sobre os assuntos e permito-me muitas vezes discordar das teorias que certos peritos da nossa praça entendem estabelecer como regras. Não por perceber mais do que eles, mas simplesmente porque tenho a mania de pensar e porque tenho todo o direito a não estar de acordo com as suas opiniões.
Foi o que aconteceu quando li que, nos exames de Português do 4º., 6º. e 9º. anos de 2006, os critérios de avaliação não penalizavam os alunos que respondessem à perguntas com erros de ortografia, desde que as respostas estivessem correctas. Ou seja, as respostas correctas pontuavam, mesmo que elas viessem cheias de erros nos planos ortográfico, lexical, morfológico e sintáctico.
O que quer dizer que com esta pedagogia da facilidade, o que os responsáveis do Ministério acham verdadeiramente importante é que os alunos respondam correctamente às questões de interpretação, deixando sem penalização outros aspectos igualmente fundamentais da língua, nomeadamente, a construção das frases e o escrever sem erros ortografia.
Ora aí está, separar as várias avaliações não me parece, a mim que sou um leigo na matéria, uma boa opção. Que necessidade é essa, tão imperiosa, que obriga a que a avaliação da interpretação do texto seja feita separadamente da avaliação da forma como se escreve? Será que a preocupação destes “entendidos” se situa fundamentalmente em saber se o aluno compreendeu ou não o texto e, pronto, ficamos por aí?
Tudo isto me parece um absurdo total. Permite-se que nas provas de português – da língua materna, portanto – que os erros de português não tenham gravidade alguma nem contem para o resultado final.
E assim, os alunos vão passando de ano em ano e chegarão, porventura, à universidade, sem dominarem minimamente a nossa língua.
O que me faz questionar. Afinal, com esta lógica de ensino que permite que nas provas de “língua-pátria” (como dantes se chamava) se escreva mal o português, como queremos que esses alunos venham, um dia, a falar e a escrever correctamente o português?
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