Não é do provérbio que hoje vos venho falar, aliás um provérbio que se aplica muitas vezes e pelo qual eu tenho uma especial simpatia.
Não, hoje o que pretendo é sugerir-vos a leitura de um livro de João Pombeiro, jornalista e editor do suplemento de sábado do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias, livro que tem um título muito interessante, justamente “Pela Boca Morre o Peixe”.
Trata-se de uma compilação de ditos dos nossos mais ilustres políticos contemporâneos, uns mais espirituosos, outros mais ingénuos, outros ainda reveladores da evidente falta de talento para prever o futuro, proferindo “sentenças” que a realidade, mais tarde, iria contradizer.
É um livro que nos diverte e que, ao mesmo tempo, apela para o nosso bom senso, por forma a que não digamos coisas que mais tarde nos venhamos a arrepender.
Só para “abrir o apetite”, algumas dessas passagens:
- Corria o ano 2000, e José Sócrates ainda era ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território. Perguntam-lhe um dia: “vamos vê-lo, um dia, primeiro-ministro?
«Não! Primeiro, porque não tenho o talento e as qualidades que um primeiro-ministro deve ter. Segundo, porque ser primeiro-ministro é ter uma vida na dependência mais absoluta de tudo, sem ter tempo para mais nada. É uma vida horrível e que eu não desejo. Ministro é o meu limite.»
- ou este, de Marques Mendes, em 1999:
Tem esperanças de um dia passar a ser o número um [do PSD]?
«Não! Nem pensar! Essa perspectiva está completamente fora do meu horizonte.»
Por que o diz de forma tão determinada?
«Porque não tenho qualquer tipo de dúvidas. Tenho noção das minhas qualidades e das minhas limitações.»
- Agora um exemplo da arte inimitável que o nosso ex-presidente da república, Jorge Sampaio, tem de falar de modo a que ninguém o entenda:
- Agora um exemplo da arte inimitável que o nosso ex-presidente da república, Jorge Sampaio, tem de falar de modo a que ninguém o entenda:
«Não é justo nem razoável que persistam enviesamentos masculinocêntricos tão acentuados nas questões políticas agendáveis.»
Bonito, não é?
- Segue-se uma tirada espirituosa de Santana Lopes:
«Não sou Maria-vai-com-as-outras, mas gosto imenso que elas venham comigo.»
Bonito, não é?
- Segue-se uma tirada espirituosa de Santana Lopes:
«Não sou Maria-vai-com-as-outras, mas gosto imenso que elas venham comigo.»
- Avelino Ferreira Torres, inconfundível, corria o ano de 2003:
«Quem pensa que há promiscuidade entre a política e o futebol é um estúpido.»
- O famoso pragmatismo de Mário Soares, em 1999:
«É preciso continuar a sacar dinheiro da Europa.»
Ora nem mais.
- A religiosidade fervorosa de Paulo Portas, em 2003:
«Sei que o senhor não é crente, mas tenho as provas irrefutáveis, racionais, positivistas de que Nossa Senhora existe. Que é portuguesa. E que é de Fátima.»
- seguido do apocalíptico Alberto João Jardim, em 2001:
«Eu sou o princípio e o fim. A vida. Tal como nos Evangelhos.»
- Por fim, para verem bem do que nos livrámos, o visionário Otelo Saraiva de Carvalho:
«Tenho falta de estrutura política, se tivesse essa cultura, que não tenho, poderia ter sido um Fidel Castro da Europa.»
Espero que este “cheirinho” do livro de João Pombeiro, “Pela Boca Morre o Peixe”, vos encha de curiosidade e que a sua leitura vos faça passar um bom bocado!
2 comentários:
Muito interessante mesmo. Qual é a editora?
A editora é "A Esfera dos Livros", Rua Garrett, nº 19 - 2º.-A 1200-203 Lisboa, telefone 213 404 064.
O livro tem 280 páginas e custa (já com IVA) 18,00 euros.
Para os interessados, o autor vai estar presente no dia 8 de Junho, pelas 17h30, na Feira do Livro - Mesa 1 - para uma sessão de autógrafos.
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