segunda-feira, novembro 06, 2006

Supermercados


Nos supermercados há duas coisas que sempre me intrigaram e, por muito que pense, acho que nunca chegarei a perceber porque é que elas acontecem.

A primeira tem a ver com os empregados das caixas dos ditos supers. Já se aperceberam que aqueles empregados só cumprimentam, só dão os bons dias, tardes ou noites, à primeira pessoa que passa por eles? Ou seja, se um casal está na caixa para pagar, só a primeira das pessoas do casal que passa junto ao empregado da caixa é que é cumprimentado. O que vem a seguir é como se nem existisse, passa pela caixa mas é totalmente ignorado. Porque será?

A outra questão tem a ver com um objecto, normalmente uma placa em acrílico ou em qualquer outro material que diz, mais coisa menos coisa, “o cliente seguinte”. Já alguma vez repararam na ganância de alguns clientes em ir buscar "a coisa" para fazer a separação entre os produtos que pertencem a quem já está a pagar e os que fazem parte da lista do cliente que está imediatamente a seguir? Ganância, é o termo, sofreguidão, se quiserem. Essa gente chega mesmo a empurrar as pessoas que estão à sua frente para alcançar a tal placa, como se de um troféu se tratasse. Ainda não há muito, num dos supers da capital, houve uma pessoa que se agastou comigo só porque eu não coloquei a placa entre os produtos finais do cliente que me antecedia e os meus próprios que, por acaso, nem estavam na passadeira porque eu só tinha ido comprar um pão e tinha-o nas minhas mãos. Só queria que vissem, ou melhor que ouvissem, o tal senhor. “Então o sr. não põe aí a placa?” “Para quê?”, perguntei. Para o caixa saber onde deve parar de fazer a conta do outro cliente. “Mas eu só venho comprar um pão e nem sequer está ali na passadeira, retorqui”. Mas o homem insistiu que mesmo assim eu devia lá pôr a placa, porque era assim que devia ser. E acrescentou “e devia-se chegar mais à frente porque não há necessidade de haver mais que meio metro de distância entre os clientes da fila”.

O “porquê?” ficou-me na garganta e limitei-me a olhar vagamente para o senhor como se nem tivesse reparado bem na sua presença, como se nem sequer o tivesse ouvido. Porque será que a placa do “cliente seguinte” é desesperadamente necessária para algumas pessoas?

3 comentários:

Anónimo disse...

As pessoas têm muita pressa para tudo. Este post vem mesmo a calhar para uma situação a que assisti de manhã: vinha no comboio, e, sendo ainda cedo, havia muito espaço e apenas 2 ou 3 pessoas em pé. Quando passámos Alcantâra (última paragem antes do Cais do Sodré) houve algumas pessoas que se levantaram e aproximaram da porta (calmamente, pois havia espaço e tempo). Uma senhora, levantou-se e começou de imediato a reclamar acintosamente acerca das "pessoas" estarem apertadas quando havia muito espaço, e que as "pessoas" não se chegavam à frente, e mais não sei quê. Enfim, apresentou os argumentos que normalmente se ouvem quando se tenta entrar num transporte cheio, sendo que a realidade é que ela própria escusava de se ter levantado e estar ela própria a incomodar. E usou aquele tom de se referir às "pessoas" como se as outras pessoas que estavam no comboio fosse uma raça à parte, ignorante e que servem apenas para incomodar.
Eu sei que o comentário vai longo, mas é que era tão cedo e a senhora estava já tão incomodada, que tive vontade de lhe dizer "Acalme-se que o dia acabou de começar.".
Em conclusão, as pessoas (desta vez sem aspas) estão cada vez mais apressadas, e parece que para descarregar o stress optam por reclamar com quem está mais à mão.
Deviam experimentar o ioga, digo eu!

Anónimo disse...

As pessoas são realmente muito pouco pacientes. Mas para além disso, são, também, muito pouco civilizadas, o que é bem mais grave.

E não é só. Acredito que, em parte, passe pelo que a Maria disse: há uma insatisfação geral e a primeira oportunidade de reclamar que aparecer é bem-vinda. Geralmente acontece com as coisas mais insignificantes do dia-a-dia, que são sempre mais fáceis de implicar.



Mas há soluções para tudo. Podes experimentar fazer o mesmo que esta agência de publicidade fez para um ginásio:

http://static.flickr.com/83/248953015_ed06cddb48_o.jpg

Colocou uma plaquinha de "próximo cliente" muito semelhante às outras, apenas ligeiramente mais pesada. Pesava cerca de 15 Kg.


Aí não estou tão certo que a sofreguidão das pessoas fosse tão evidente.

Anónimo disse...

Lá a barrita do “cliente seguinte” com os 15 quilos ainda é tolerável, porque, que diabo, quem não tem forças para tanto peso, o melhor é nem ir ao super.

Agora, aquela de um tipo ter que estar (pelo menos) a meio metro do cliente que está a pagar, acho que o homem tinha toda a razão para mandar vir contigo, oh demascarenhas. Afinal, se estiveres mais afastado como é que consegues ver o código que o tipo da frente está a digitar na maquineta?