segunda-feira, novembro 20, 2006

Turquia, ainda mais longe

Quando há cerca de um ano escrevi neste espaço que a abertura das negociações para a entrada da Turquia na União Europeia se tratava apenas um primeiro passo, disse na altura que a Turquia tinha ainda grandes problemas por resolver, nomeadamente, o gravíssimo problema com os curdos, o do não reconhecimento do Chipre e as violações dos direitos humanos.

Só que, um ano depois, a Comunidade, agora dos 25, está a ser mais severa na avaliação que faz das condições que a Turquia necessita ter para entrar no clube.

As limitações à liberdade de expressão, a continuação dos casos de tortura e de maus tratos, a discriminação das minorias, a preponderância dos militares em assuntos civis, as relações com o Chipre e o desrespeito dos compromissos assumidos com a União, são factos de peso que podem vir a determinar a suspensão total ou parcial das negociações com Ancara.

Embora Bruxelas reconheça a existência de alguns (poucos) progressos, existem alguns dossiers que causam grande preocupação no seio da Comunidade. E, um dos que mais incomoda, é a constatação que a Turquia continua a negar o acesso aos seus portos a navios com bandeira da República do Chipre ou cuja última escala tenha sido em Chipre, restrições que violam claramente os acordos anteriormente firmados entre as partes.

Relativamente ao Código Penal Turco, algumas das suas disposições causam grande preocupação e podem contribuir para criar um clima de auto-censura interna generalizada.

Quanto à liberdade de culto, continua a ser “geralmente respeitada” mas as comunidades religiosas não-muçulmanas continuam a deparar-se com dificuldades no terreno.

O sentimento geral dos turcos é que, independentemente dos esforços que a Turquia faça, a Europa nunca os aceitará e, por isso. vai crescendo, cada vez mais no país, o sentimento anti ocidental.

Sente-se, de facto, que a dinâmica reformista demonstrada inicialmente abrandou significativamente. A onda de liberdade que surgiu quando as negociações começaram, foram, a pouco e pouco, perdendo o ânimo.

Mas, como disse então, se a Europa fechar as portas à Turquia, poder-se-á perder a ponte que permita o diálogo entre o Ocidente e o mundo muçulmano e estar-se-á, porventura, a empurrar os turcos para se juntarem às fileiras dos fanáticos muçulmanos que pretendem, por qualquer meio, derrubar a civilização ocidental.

Será bom não esquecer que o fundamentalismo muçulmano turco está cada vez mais activo, muito embora se compreenda que a Comunidade não pode aceitar a inclusão de um qualquer país, a qualquer preço. E a Turquia há muito que sabe quais são as condições de acesso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sempre q oiço falar de um tema que conduz a confrontos lembro-me de:

Lennon, John Lennon
e...
Imagine

Imagine there's no Heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one