quarta-feira, junho 13, 2007

Quando dois mais dois eram quatro


Ainda há dias manifestei aqui mesmo a minha perplexidade sobre os processos de avaliação dos exames de português. E fi-lo, por não concordar que, em certas provas, os examinadores apenas levem em consideração se os alunos entenderam ou não o texto, sem sequer se preocuparem se nas respostas dadas, o português está bem ou mal construído e se tem ou não erros ortográficos. Ao que parece, isso não interessa nada, pelo menos, nesse momento.


Pois agora, processo idêntico se passa no reino da matemática, em que nas provas do 4º. e do 6º. anos, as respostas incorrectas vão ser pontuadas como se as mesmas estivessem certas.

E se há coisas que me custam muito a perceber, esta é uma delas. Por exemplo, se um aluno do 4º. ano responde que o dobro de 6 dl são 120 dl, a sua resposta pode ser considerada correcta e ter a pontuação máxima. Porque a resposta está certa? Não, ela não pode estar mais errada mas, segundo o critério do Ministério, o resultado apurado pelo aluno pode tratar-se, apenas, de um “erro de transcrição”, porque o raciocínio do problema foi elaborado correctamente.


Nos meus tempos de estudante, e no que à matemática diz respeito, passei por dois tipos de avaliação. Uma, a que embora o raciocínio do problema estivesse correcto mas que tinha o resultado errado, os professores consideravam que o aluno tinha percebido a lógica, tinha apresentado algum trabalho aproveitável e, por isso, davam alguma pontuação pelo desenvolvimento desse raciocínio, mas nunca os 100%.

A outra avaliação era mais radical. Considerava que estando o resultado final errado, a pergunta não tinha direito a qualquer pontuação, ainda que o desenvolvimento do problema estivesse impecável até quase à ponta final.

Podem crer, no entanto, que se algum aluno respondesse que 2 + 2 era igual a 5, a pontuação que teria só poderia ser a de um zero muito redondo ... e muito grande.


Tenho consciência que não conheço as técnicas de avaliação que hoje norteiam o ensino, nem sequer disponho das noções básicas sobre os actuais processos de aprendizagem.

Mas sei, em contrapartida, que a matemática é, por natureza, uma ciência rigorosa e exacta e que não admite duas respostas correctas quando existe apenas uma. E isto sempre foi assim e, espero, que assim continuará para sempre. Ou estarei errado?

5 comentários:

Anónimo disse...

"Mas sei, em contrapartida, que a matemática é, por natureza, uma ciência rigorosa e exacta e que não admite duas respostas correctas quando existe apenas uma."

Penso que isso se passa não só com a matemática, mas com tudo. Se alguma coisa tem apenas uma resposta correcta então não admite duas respostas correctas. Se admitir mais respostas correctas, então tem mais que uma resposta correcta. Percebe o raciocínio? :)

Anónimo disse...

Francamente, não sei se fiquei confuso com o seu raciocínio, ou, então, não consegui percebê-lo mesmo ou, ainda, o meu sentido de humor está um bocado por baixo hoje.

Como quer que seja, o que pretendi dizer, de forma sucinta, é que na matemática, por ser uma ciência exacta, só existe um resposta correcta para cada questão. O mesmo pode não acontecer em outras áreas do conhecimento, em filosofia por exemplo, uma vez que a subjectividade dos assuntos, poderá fazer com que se admitam como correctas mais do que uma resposta.

Perceberam o raciocínio?

Anónimo disse...

"a matemática (...) não admite duas respostas correctas quando existe apenas uma."
A filosofia também não admite duas respostas correctas quando existe apenas uma. A partir do momento em que admite mais respostas correctas, deixa de existir apenas uma.

Não sei exactamente os critérios de avaliação, mas se há um erro de contas ou de transcrição de um número mas o raciocinio está correcto, em muitos casos deve ser contabilizado. A matemática é muito mais que somar dois mais dois.

Tal como no português, possivelmente é mais importante compreender que escrever sem erros. Apesar de escrever sem erros, não percebeu que a frase "não admite duas respostas correctas quando existe apenas uma." é uma verdade universal que se aplica a qualquer coisa.
Eu percebi o sentido do que queria dizer, mas resolvi brincar com a ocacidade da frase. Espero que agora tenha percebido, pois o raciocionio não é assim tão complexo: "se há mais que uma, não há apenas uma."

Anónimo disse...

Isto é mesmo andar a rodear o que é importante nesta questão. Ou é só impressão minha?

Anónimo disse...

Pessoal, o anónimo do comentário anterior não é o mesmo anónimo dos outros comentários... Anónimos há muitos! E se há mais que um anónimo, não há apenas um anónimo. Sim? Sim!