Dá-me uma fúria dos diabos quando penso que, enquanto que há uns anos atrás, independentemente da estação do ano ou do dia da semana, a forma de vestir dos homens era determinada pelas administrações das empresas, isto é, do começo do dia ao fim da tarde, todos tínhamos que usar fato e gravata, agora, pelo menos à sexta-feira, a rapaziada tem o privilégio de poder trajar conforme lhe dá na realíssima gana.
Se calhar é melhor abrir um parêntesis para lembrar a época do “PREC – Processo Revolucionário em Curso”, um intervalo na normalidade das vestes (e não só ...) de então em que os homens, qualquer que fosse a actividade em que trabalhassem, mesmo nas mais formais, normalmente envergavam no seu dia-a-dia umas calças de ganga e uma camisa aberta pelo menos até ao umbigo, calçavam umas sandálias ou umas chinelas e, orgulhosamente, punham na cabeça uma boina “à CHE”. Bons tempos!
Mas saltando sobre esse período glorioso, que aos mais novos pouco dirá, voltou-se a vestir à séria, fazendo recordar aos homens que o uso do fato e da gravata é imprescindível e que faz deles uns verdadeiros vencedores. Sem esse traje - que tanto nos custava a suportar durante as longas tardes de verão em que o ar condicionado era um luxo a que poucos tinham acesso - a respeitabilidade que a gravata e um fato sem máculas e sem rugas conferia, não perspectivava uma carreira promissora àqueles que tentavam fugir ao estipulado.
E do oito quase que passámos para o oitenta. Da obrigatoriedade séria, diária e rigorosa transigiu-se de tal forma que fomos dar ao à-vontade das actuais sextas-feiras, isto é, ao “Casual Friday”. Aliás, com a cumplicidade das empresas da chamada “Nova Economia”, que foram as principais responsáveis pelo abandono dos códigos rígidos do vestuário masculino de outrora.
No entanto, e ao contrário do que alguns pensam, não se aligeirou a vestimenta às sextas só para serem simpáticos para os trabalhadores. Não, isto “pegou” apenas por que parece bem e é moderno. Traduzindo, virou moda, nada mais.
Contudo, meus caros, até para se ter um “look” informal é necessário ter bom gosto. Andar vestido à-vontade não significa andar de qualquer maneira.
Não se deve abusar da informalidade nem fugir muito ao que habitualmente é associado a uma imagem profissional e de autoridade. É preferível optar-se pelos tons “tradicionais”, como o preto, o azul e o cinzento, contrastando, eventualmente, com alguns tons mais claros como o bege. Tem mais classe, podem crer.
E, em último caso e para terminar, mandem às ortigas o conceito do “casual” e voltem a vestir, se assim o entenderem, o tradicional “fato e gravata”…Não será isso, certamente, que vos tornará homens mais respeitáveis e credíveis e em profissionais de eleição. Mas uma fatiota a preceito, acreditem, ficar-vos-á bem.
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