José Carlos Pereira Ary dos Santos (1936 – 1984) foi um extraordinário poeta e declamador português.
Todos os grandes cantores o interpretaram. A obra de Ary dos Santos permanece na memória de todos e, estranhamente (ou talvez não), muitos dos seus poemas continuam actualizados.
De Ary dos Santos, o poema “Ao meu falecido irmão Manuel Maria Barbosa du Bocage”
Meu sacana de versos! Meu vadio.
Fazes falta ao Rossio. Falta ao Nicola.
Lisboa é uma sarjeta. É um vazio.
E é raro o poeta que entre nós faz escola.
Meu sacana de versos! Meu vadio.
Fazes falta ao Rossio. Falta ao Nicola.
Lisboa é uma sarjeta. É um vazio.
E é raro o poeta que entre nós faz escola.
Mastigam ruminando o desafio.
São uns merdosos que nos pedem esmola.
Aos vinte anos cheiram a bafio
têm joanetes culturais na tola.
Que diria Camões nosso padrinho
ou o Primo Fernando que acarinho
como Pessoa viva à cabeceira?
O que me vale é que não estou sozinho
ainda se encontram alguns pés de linho
crescendo não sei como na estrumeira!
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