A onda de choque resultante da notícia da morte da idosa da Rinchoa, a que nos referimos na passada Segunda-Feira, para além da comoção que provocou, gerou um alerta sobre a situação dos que vivem sozinhos e nomeadamente dos mais velhos. Familiares, vizinhos, comerciantes e até autoridades ficaram mais sensibilizados para o acompanhamento dessas pessoas.
Temo, porém, que com o passar do tempo, estes cuidados possam diminuir e tudo volte à estaca zero.
Há que reconhecer, no entanto, que muitas autarquias da província já têm dispositivos de apoio a idosos isolados, com programas específicos criados para o efeito. Só que, como costumo dizer, há província e província. O número de pessoas e a dispersão geográfica duma concelho como Guimarães não é o mesmo de um concelho como Alcoutim. Nos meios maiores é muito mais difícil conseguir o acompanhamento das pessoas que vivem sozinhas.
Na tentativa de ultrapassar essas dificuldades, o Instituto da Segurança Social vai apresentar uma proposta ao Governo que, basicamente, pretende acompanhar as pessoas à distância, por exemplo, através de uma chamada telefónica diária. O problema é que nem todos estarão interessados em aderir, tanto mais que, embora de pouca monta, haverá custos para os utilizadores.
Em Portugal estão sinalizados cerca de 25 mil idosos em risco. Mas quererão todos eles ter alguém que lhes controle os movimentos, ainda que seja para o seu bem? Não podemos esquecer que há pessoas pouco sociáveis, com feitios difíceis e extremamente independentes que querem manter a sua “liberdade”a todo o custo. E embora possamos não compreender as suas motivações, temos que as respeitar.
Sem comentários:
Enviar um comentário