Fiquei perplexo ao ouvir a indignação exacerbada de uns quantos alunos de uma escola de Vila Real que, perante as câmaras de televisão sedentas de notícias incendiárias, se queixavam do frio intenso que sentiam nas salas de aula. E o protesto veemente levou-os em marcha até ao Governo Civil onde levantaram bem alto cartazes onde se podia ler, por exemplo, “nas aulas a congelar nem conseguimos pensar”.
Muito embora lhes assista todo o direito de reivindicar melhores condições para eles e para a sua escola, acho que, neste caso, o direito à indignação (sentimento que eu tanto prezo) desta vez foi mal utilizado. E porquê? Porque o que aconteceu é que a caldeira de aquecimento avariou de vez e tiveram que encomendar uma outra que virá de Itália, coisa que acontecerá, segundo a Direcção da Escola, dentro de uma semana. Enquanto isso, os aquecedores a óleo postos nas salas de aula tentarão minimizar o frio mas, pelos vistos, não calarão os estudantes.
Por muito frio que faça – e faz certamente - quero acreditar que umas luvas, uns gorros e umas roupas mais quentinhas, peças que as gentes daquela região está habituada há muito, poderão suster por mais alguns dias o griso deste inverno rigoroso. E também quero acreditar que esse desconforto não vai impedir os estudantes de continuar a pensar. Pensem nisso.
1 comentário:
Uma vez que a actividade “pensar” se encontra cada vez mais em extinção, recomenda-se vivamente o seu contínuo exercício, até por como dizia René Descartes “Todos somos dotados da capacidade de pensar, o que acontece é que uns conduzem melhor a razão que outros”. Como tal, e pelos argumentos apresentados por Descartes, torna-se imperativo pensar. Pensem nisto…
Um grande abraço.
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