terça-feira, março 26, 2013

Condescendência para com os políticos? Porquê?



Lembram-se de ler há pouco tempo uma notícia em que mais de metade dos pilotos (portugueses e não só) admite ter adormecido, por fadiga, durante o voo? Então, toda a gente ficou preocupada. Daí que se começasse imediatamente a discutir a uniformização da legislação sobre horas de voo pela Agência Europeia de Segurança Aérea.

Os pilotos não podem dormir enquanto comandam ... mas às vezes ...

E quando sabemos que, por negligência, um cirurgião, deixou morrer um paciente ou esqueceu qualquer material cirúrgico dentro do doente após terminada a cirurgia? Não ficamos revoltados e não tentamos que aquele médico seja imediatamente afastado da sua actividade?

Os médicos enganam-se mas ... não podem.

Curiosamente com os políticos somos muitíssimo mais transigentes. Dizemos mal deles nas conversas entre amigos nos cafés e zangamo-nos com as medidas que tomam porque as achamos desajustadas e injustas. Mas pouco mais fazemos. E quando questionamos, por exemplo, porque é que o actual Governo não acerta uma previsão, uma meta que seja, obtemos (como eu li) uma resposta vinda de um Professor Catedrático de Economia: "Porque somos humanos, não somos deuses".

É a resposta mais abstrusa que já vi e que não pode desculpar os políticos da incompetência e da impreparação que muitas vezes demonstram. Se não aceitamos os erros de aviadores e de médicos (só para citar estas duas profissões), que são humanos como os demais, porque somos tão condescendentes para com os políticos que dão cabo da vida de cidadãos e países? Só porque os seus erros não matam? Não matam mas vão corroendo a paciência e a saúde das pessoas.
 

 

1 comentário:

Fernando Gomes disse...

Meu caro e bom Amigo,
O exemplo que cita é do conhecimento geral, bem como as questões que levanta. No entanto, as razões que levam a tais atos são, se não na totalidade, pelo menos na sua maioria, diferentes. O Comandante adormecerá por excesso de horas de trabalho, e ai poderá colocar a vida da sua tripulação em perigo, o cirurgião se esquecerá de algum utensílio dentro do corpo do paciente, mas certamente pelo cansaço ou por alguma distração momentânea, o que não deveria acontecer, e que não desculpa a sua performance dentro do bloco operatório. Errar é humano, e também estes profissionais erram no exercício da sua profissão, embora a sua consciência e atitude seja a de fazer sempre o melhor possível. No que concerne à classe política, já o caso muda de figura, ou não fosse essa uma classe que em vez de servir os interesses das pessoas, serve-se das pessoas para servir os seus próprios interesses. A política continua a ser um “tacho” para muitos (quer tenham vocação ou não), onde o seu desempenho não é avaliado e muito menos penalizado. Se existe uma classe profissional onde não se aplica o provérbio “ O crime não compensa”, essa classe ou os membros dessa classe são os políticos. É do conhecimento de todos, que alguns políticos que deram provas de total incompetência no exercício das suas funções, serem colocados em cargos de Administração noutras organizações. Ora isto contraria qualquer lei racional, uma vez que a fórmula correta será “Cargo/função + mau desempenho = Rua/Incompetência”, e não “Cargo/função + mau desempenho = Promoção/Reconhecimento profissional”. O caso da política Portuguesa é tão mau/grave, que até os políticos que estiveram à frente dos desígnios nacionais, e que agravaram a situação económica/social do Pais, abandonaram o barco quando ele já se estava a afundar, e passado algum tempo, regressam ao navio para falar à tripulação (ou ao que ainda resta dela). É preciso ter lata hein…