terça-feira, outubro 16, 2007

A lei que faz falta ...


Para que conste, nunca fui um político encartado, dos muitos que vivem de e para a política e que jamais exerceram outra profissão. E, claro está, que esses políticos, quando chega a hora de sair, é natural que, por falta de uma profissão de base, sintam algumas dificuldades em sobreviver e, por isso, vão arrastando a decisão e vão ficando, ficando, ficando ...

Mas nem todos sentem essas dificuldades porque, obviamente, há excepções (e bastantes), e todos sabemos que uma boa parte desses políticos que já foram deputados e ministros, quando largam a política, não têm que se preocupar minimamente com o seu futuro porque já lhes foi assegurado um lugar num qualquer conselho de administração, com um salário confortável a condizer.

Que me lembre, foi assim com Armando Vara, com Fernando Gomes e com Celeste Cardona, entre muitos outros e ao longo dos tempos.


Mas mentiria se não confessasse que gostaria de ter tido poder por algum tempo, pelo menos o tempo suficiente para que pudessem ser aprovadas umas quantas leis que continuam a faltar, permitindo que certas situações escandalosas se continuem a verificar.

E uma dessas leis que teimam em faltar tem a ver com a desejada impossibilidade de um ministro que tutela determinada empresa, venha a ser mais tarde, quando sai do governo, presidente ou vogal do conselho de administração dessa mesma empresa.

Penso que todos recordarão o caso de Pina Moura. Como Ministro da Economia e das Finanças, tutelava a EDP onde a Iberdrola já tinha, ao tempo, uma participação à volta dos seis por cento. Pois acabado de sair do governo, Pina Moura foi quase de seguida para a presidência da empresa espanhola.

Recentemente, soube-se que o Estado, pela mão do ministro Ferreira do Amaral assinou um contrato com a Lusoponte, dando-lhe o exclusivo rodoviário na travessia do Tejo. A mesma Lusoponte que poderá vir a receber uma compensação choruda pela construção da terceira ponte. E sabem quem é o presidente da Lusoponte? Adivinharam, o ex-ministro Ferreira do Amaral.


É urgente acabar de vez com este tipo de situações. E para isso, o governo tem que fazer sair a lei que determine que ministros que têm a tutela de certas empresas não venham a ser chamados, pouco tempo depois de deixarem o governo, para os conselhos de administração dessas mesmas empresas que tutelaram.

É que, mesmo acreditando que “não há rapazes maus”, podemos ser levados a pensar que certas medidas que foram tomadas pelos ministros, podem muito bem ter servido como moeda de troca de um lugar no conselho de administração de determinada empresa, quando estes senhores deixarem o executivo.

“Eu não acredito em bruxas, mas ...”.

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