Neste ano do centenário do nascimento de Miguel Torga (1907-1995), falei-lhes, ainda não há muito, de um dos maiores escritores do século passado e deixei-vos, então, com um seu poema, a que chamou precisamente “Um Poema”.
Apesar de não terem sido feitos comentários nesse post, foram várias as pessoas que me disseram ter gostado muito daquele poema e como, de certa maneira, tinham ficado felizes por se aperceberem que Torga não era um autor assim tão difícil.
Não nos iludamos, porém. A obra de Miguel Torga, não é, de facto, para todos. No entanto, ele escreveu poemas simples e algo ingénuos e, quem sabe, pode ser que através deles, haja mais pessoas a interessarem-se pelos seus livros. Um vasto conjunto, de resto, que andou pela poesia, pela ficção e pelas peças de teatro.
E o nível da sua produção e genialidade foi de tal monta, que, por diversas vezes, foi premiado: Prémio do Diário de Notícias (1969), Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist (1976), Prémio Morgado de Mateus, ex-aecquo com Carlos Drumond de Andrade (1980), Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S. (1981), Prémio Camões (1989), Prémio Personalidade do Ano (1991), Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992) e Prémio da Crítica, consagrando a sua obra (1993).
Hoje, e “a pedido de várias famílias” mais um poema lindíssimo, a que Torga deu o nome de
SEGREDO
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
4 comentários:
O poema do nosso Torga trouxe-me à memória os exames do 4º ano (antiga 4ª classe) que a minha filha fez há uns bons pares de anos.
Na prova de português "saiu" exactamente este poema e das perguntas sobre o dito já não reza a história. Ficou sim para o anedotário da família a expressão que a Joana deixou escapar no final da prova: "Este senhor não sabe escrever! Sei um ninho ? Então não deveria ser Sei de um ninho ?
Agora já uma licenciada em biologia, confrontei-a com o poema que o caro colega publicou em boa hora.
Uma coisa é certa: ficámos todos(pais e filhas) com a dita cuja ao canto do olho ao lembrar o acontecimento.
É sempre bom - muito bom - deixar-nos envolver pela literatura.
Obrigado pela mensagem.
vai comer no cu
seu filho da puta
cabrão de merda
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