Num país que fez uma revolução há mais de 30 anos e que, supostamente, se destinava a devolver as liberdades aos cidadãos e a dar melhores condições de vida à população, num país que se integra no clube dos países mais ricos da Europa (embora dos mais pobres), é vergonhoso que em pleno século XXI, um quinto dos portugueses (sobre)viva com menos de 360 euros por mês.
Cerca de 32% da população activa entre os 16 e os 34 anos seria pobre, efectivamente, se dependesse só do seu trabalho.
De acordo com as estatísticas publicadas pelo INE referente a 2005, sem as pensões de reforma e as transferências sociais do Estado, mais de quatro milhões de portugueses estariam em risco de pobreza.
E, como, infelizmente, já referi aqui noutras alturas, continuam a registar-se assimetrias entre os que mais ganham e o que menos recebem e que são as maiores da Europa comunitária. De facto, o fosso entre pobres e ricos em Portugal é o maior no conjunto dos países da União Europeia. O rendimento dos dois milhões de portugueses mais ricos do país é quase sete vezes maior do que o rendimento dos dois milhões de pessoas mais pobres.
Segundo o presidente da AMI, doutor Fernando Nobre, a situação é alarmante”, uma vez que no último ano, os cem portugueses mais ricos viram a sua fortuna aumentar cerca de um terço (33%), quando a média da população portuguesa só conseguiu aumentar o seu rendimento em cerca de 2% ou 2,5%”.
E, como se sabe, quanto maior é a desigualdade de um país, menor é o seu índice de desenvolvimento.
Existem, portanto, cerca de dois milhões de residentes em Portugal que são pobres ou em vias de se tornarem pobres e o país está entre os dez mais com maior risco de pobreza da UE.
É um número que deveria envergonhar-nos.
O relatório do Instituto Nacional de Estatística é taxativo: Portugal faz parte da lista negra dos países com uma taxa de pobreza superior à média europeia, que é de 16%. A lista dos Estados com maior risco de pobreza é liderada pela Polónia e pelos três países bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia - com valores entre os 18 e os 21%. Seguem-se Espanha, Grécia e Irlanda com um quinto da população em risco de pobreza e Portugal e Reino Unido, com uma taxa de limiar de pobreza de 19% e 18%, respectivamente. Os países com menos pessoas em risco de pobreza são naturalmente os escandinavos (Suécia, Finlândia e Dinamarca), a República Checa e a Eslováquia.
Falar sobre a pobreza é incómodo, triste e cansativo mas, apesar de tudo, insisto que são números que nos devem fazer reflectir!
Dois milhões de pobres em Portugal.
Que sociedade é esta, onde está a justiça?
É chocante e vergonhoso!
Falar sobre a pobreza é incómodo, triste e cansativo mas, apesar de tudo, insisto que são números que nos devem fazer reflectir!
Dois milhões de pobres em Portugal.
Que sociedade é esta, onde está a justiça?
É chocante e vergonhoso!
1 comentário:
Concordo, mas o que é que podemos fazer concretamente?
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