quinta-feira, abril 26, 2012

Na Assembleia da República come-se bem e barato


Não devo ter reparado numa notícia que foi publicada por um matutino no início do ano. Felizmente que, por estes dias, um programa de televisão de um dos canais generalistas, voltou a falar no assunto e, agora sim, eu tomei conhecimento de mais esta escandaleira que subsiste à custa dos impostos dos contribuintes. Eu explico:

Na Assembleia da República existem dois restaurantes de luxo reservados a deputados e aos seus convidados, bares e uma cantina onde vão sobretudo os funcionários da casa. Até aqui não há problema, quem ali trabalha tem mesmo que comer. Nem mesmo o facto de haver dois restaurantes de luxo suscita qualquer questão. Os deputados (que não ganham propriamente uma miséria) são livres de gastar o seu dinheiro onde e como muito bem entendem.

Onde a coisa já cheira a esturro (já que estamos a falar em comida) é no preço que os senhores deputados pagam para se banquetearem nesses restaurantes. Para perceber melhor do que estou a falar, vejamos como é constituído um menu de um almoço buffet de um dos dias da semana:

sopa de cebola, arroz de tamboril com gambas e salsichas em couve lombarda. Mesa de fritos, uma outra vegetariana, mais uma de doces e frutas e outra de queijos”.

Tudo isto por uns módicos 10 euros por pessoa. Suponho que não estarão incluídos os vinhos e espumantes de marca nem os cafés de exóticos aromas. Só faltava essa … Por este preço o cidadão comum só conseguirá comer uma refeição normalíssima num tasco banal sem quaisquer requintes.

E a minha indignação é exactamente essa. Numa altura em que os sacrifícios são pedidos constantemente a uma população já tão castigada, faz algum sentido que os contribuintes continuem a subsidiar as refeições de restaurantes de luxo para pessoas que, de certo modo, já são privilegiadas?

Será que o Conselho de Administração da Assembleia da República, e os deputados que tanto se preocuparam com os custos da Parque Escolar na modernização das escolas, já ouviram falar em equidade de sacrifícios e justiça social?

Estamos em Abril. Talvez seja uma boa altura de recordar ao nosso Parlamento e a quem lá manda, uma das promessas do Abril de 1974: “mais igualdade e melhor repartição dos bens”. E isso, ao que parece não está a acontecer …

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