Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre,
bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor,
quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia,
a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa, de seu nome completo Fernando António Nogueira Pessoa, nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1888 e morreu também em Lisboa em 30 de Novembro de 1935.
É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa. Trabalhou em várias actividades como jornalismo, publicidade e no comércio mas foi através da poesia e da literatura – assinadas com o seu próprio nome ou sob o manto dos vários heterónimos que adoptou – que se tornou uma figura maior das nossas letras.
3 comentários:
Não percebo onde é que está a poesia. Não rima!
"Porcos", olha que te podem levar a sério ...
Fazes ideia de quantos iletrados podem estar a espreitar este blog?
Mal vai o país no dia em que me levarem a sério. Iletrados ou não.
A propósito, Demascarenhas, belo poema. Pessoa é daqueles que considero realmente génios.
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